Taliban ordenam o encerramento de todos os salões de beleza no Afeganistão
Em mais um atentado contra os direitos e a liberdade das mulheres afegãs, grupo jihadista dá um mês para todos aqueles espaços serem encerrados.
Os taliban ordenaram esta terça-feira o encerramento de todos os salões de beleza no Afeganistão. Em mais uma decisão restritiva dos direitos, as liberdades e da segurança das mulheres no país da Ásia Central, o grupo fundamentalista islâmico informou que aquele tipo de espaços tem um mês para acabar com a sua actividade.
“O prazo para o encerramento dos salões de beleza para mulheres é de um mês”, disse Mohammad Sadiq Akif, porta-voz do Ministério da Prevenção do Vício e da Promoção da Virtude, citado pela Reuters.
O governo afegão – não reconhecido por praticamente nenhum país ou organização internacional – acrescentou que o respeito pelos direitos das mulheres no Afeganistão está em concordância com a interpretação da sharia (lei islâmica) e dos “costumes afegãos”.
Vários governos estrangeiros, assim como as Nações Unidas, têm condenado repetidamente a repressão crescente dos taliban sobre as mulheres, iniciada com o regresso ao poder do grupo, no Verão de 2021, na sequência da retirada das tropas dos EUA e da NATO do território.
Um relatório elaborado pela Amnistia Internacional e pela Comissão Internacional de Juristas, publicado em Maio, defendia que a discriminação e a repressão dos taliban das raparigas e as mulheres do Afeganistão devem ser investigadas ao abrigo do direito internacional como possíveis crimes contra a humanidade, nomeadamente crimes de perseguição de género.
No ano passado, o grupo jihadista encerrou a maioria dos liceus exclusivos para raparigas e proibiu as afegãs de frequentar as universidades e de trabalhar no sector da ajuda humanitária. Muitos espaços públicos, nomeadamente jardins, parques de diversões, casas de banho ou ginásios para mulheres também foram encerrados.
Muitos dos salões de beleza que abriram em Cabul e noutras cidades afegãs poucos depois de os EUA terem invadido o país, no final de 2001 – em resposta aos ataques do 11 de Setembro – mantiveram-se abertos durante os últimos dois anos, ainda que com as janelas cobertas, e ofereciam trabalho a milhares de mulheres.