Siamesas, tinham 2% de hipóteses de sobrevivência. Abby e Erin têm agora quase 7 anos

Quando nasceram, os médicos não deram grandes esperanças aos pais. Mas, gémeas craniópagas, ou seja, unidas pela cabeça, as meninas superaram as expectativas e celebram neste mês os 7 anos.

Foto
As meninas nasceram a 24 de Julho de 2016, às 30 semanas DR/Facebook @Delaney Twins
Ouça este artigo
00:00
02:55

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Abby e Erin nasceram prematuras, às 30 semanas, cada uma com menos de 1,5kg, e unidas pela cabeça, um quadro que a mãe, Heather Delaney, descobrira à 11.ª semana de gestação. Quase um ano depois, apesar de a probabilidade de sucesso ser de meros 2%, as meninas sobreviveram à cirurgia de separação.

Agora, e contra o prognóstico médico, as duas acabaram de participar na festa da conclusão do pré-escolar e, prestes a completarem os 7 anos, estão prontas para o desafio de ingressarem no primeiro ano, ainda que com muitos desafios pela frente. A mãe, citada pela revista People, explica que ambas revelam atrasos no desenvolvimento. “Sim, elas têm limitações e coisas que estão a resolver”, assumiu.

Foto
As duas irmãs com os cirurgiões que as separaram: à esquerda, o cirurgião plástico Jesse Taylor; à direita, o neurocirurgião Gregory Heuer DR/delaneytwins.weebly.com

Após o nascimento, Abby e Erin ficaram nos cuidados intensivos neonatais, unidade da qual apenas tiveram alta quase com 1 ano. Em Junho de 2017, as crianças deram entrada no Hospital Pediátrico de Filadélfia, na Pensilvânia, onde foram submetidas a uma cirurgia de separação de elevado risco, liderada pelo cirurgião plástico Jesse Taylor e pelo neurocirurgião Gregory Heuer.

O procedimento demorou 11 horas e foi um sucesso, mas os avanços, ao longo dos anos, têm sido à medida de um passo de cada vez: Erin começou a andar apenas aos 5 anos e Abby está agora, aos 6, quase 7 (a 24 de Julho), a dar os primeiros passos. “Mas são tão felizes”, frisa a mãe. “Há dias em que me sento e penso ‘não acredito na sorte que temos’.”

Seis anos depois, as meninas, que frequentam o ensino regular, mas têm apoio especial, acabam de concluir o pré-escolar: “Foi como se estivéssemos a sonhar”, disse Heather, que vive em Statesville, no estado norte-americano da Carolina do Norte. “Ainda não sabemos o que elas podem alcançar, por isso o céu é o limite.”

Foto
Erin e Abby DR/DELANEYTWINS.WEEBLY.COM
Foto
DR/Facebook @Delaney Twins

Os gémeos unidos pela cabeça são conhecidos como gémeos craniópagos, sendo uma condição extremamente rara (um caso em 2,5 milhões de nados-vivos) e com um prognóstico pouco animador: cerca de 40% são nados-mortos e 33% morrem no período perinatal, antes de completarem uma semana de vida.

O primeiro caso de gémeos craniópagos separados com sucesso e com a sobrevivência de ambos os bebés foi o de Teresa (1956-2007) e Virginia Bunton, do Tennessee. No entanto, o primeiro registo de separação de siameses, no caso ligados entre o processo xifóide (uma secção de cartilagem na base do esterno) e o umbigo, data do século XVII.

Em 2003, um caso chamou a atenção mundial: Ladan e Laleh Bijani que, depois de terem vivido 29 anos unidas pela cabeça, foram submetidas a uma cirurgia de separação. As duas tinham cérebros anatomicamente intactos e distintos, mas uma caixa craniana comum, e partilhavam uma importante veia que irriga os dois cérebros. O procedimento resultou na morte das duas mulheres.

Sugerir correcção
Comentar