Euribor a 12 meses termina Junho em 4% agravando a prestação da casa

As taxas utilizadas na grande maioria dos empréstimos à habitação ainda deverão continuar a subir nos próximos meses.

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Evolução das taxas Euribor volta a agravar prestações da habitação comprada a crédito DIOGO VENTURA
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As Euribor não deram tréguas em Junho. As médias mensais das taxas de juro utilizadas em perto de 90% empréstimos à habitação existentes em Portugal voltaram a subir em todos os prazos, agravando as prestações dos contratos a rever em Julho, ou os novos contratos a realizar no próximo mês.

O prazo mais longo, a 12 meses, que actualmente está presente em 40,9% dos empréstimos a taxa variável (dados de Abril), fixou-se esta sexta-feira em 4,134%, mais 0,031 pontos face à sessão anterior.

Para os empréstimos existentes e para os novos o que conta são as médias mensais, que no caso da taxa Euribor a 12 meses se fixou em Junho em 4,007%, mais 0,145 pontos face aos 3,862% verificados em Maio.

É preciso recuar 15 anos, até Novembro de 2008, para encontrar um valor tão elevado.

A Euribor a seis meses, que voltou a ser muito utilizada nos novos empréstimos, por apresentar um valor ligeiramente mais baixo, também voltou a subir na última sessão do mês, para 3,9%, mais 0,008 pontos que na sessão de quinta-feira.

Sem surpresa, a média mensal deste prazo também subiu, para 3,825%, mais 0,143 pontos do que em Maio, quando se fixou em 3,682%.

Este prazo, que era o dominante até há poucos anos, está agora presente em 33,9% do stock de crédito para compra de casa.

No mesmo sentido seguiu o prazo mais curto, a três meses, que apesar da ligeira queda na sessão de hoje, para 3,577% (menos 0,010 pontos) viu a média mensal subir para 3,536%, mais 0,164 pontos percentuais que os 3,372% acumulados em Maio.

O impacto destas subidas nas prestações dos empréstimos a rever em Julho continua a ser muito significativo, especialmente nos que estão associados à Euribor a 12 meses. Isto porque, apesar desta taxa já se encontrar positiva em Junho do ano passado, quando ocorreu a última revisão, a diferença é muito significativa.

Num empréstimo de 150 mil euros, associado à Euribor a 12 meses, com um spread ou margem comercial do banco de 1%, e pelo prazo de 30 anos, o acrescimento da prestação é da ordem dos 260 euros em apenas 12 meses. O valor passa de 543 euros para 805 euros.

A mesma simulação, mas para um empréstimo associado à Euribor a seis meses, o aumento é de 111 euros, para cerca de 789 euros. A menor variação é explicada pelo facto de a última revisão ter ocorrido em Janeiro do corrente ano, mas o valor absoluto da prestação não está muito longe da que resulta da aplicação da Euribor a 12 meses.

Com a Euribor a três meses, a que apresenta valor mais baixo, a prestação sobe para 763 euros, mais 85 euros, uma variação menor, explicada pelo facto de a última actualização ter ocorrido há apenas três meses.

As taxas Euribor começaram a subir no início de 2022, e de forma mais acentuada a partir de Fevereiro desse ano, altura em que o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou a subida das suas taxas de juro directoras, para controlar o aumento da inflação na zona euro.

A invasão da Ucrânia pela Rússia acabou por agravar a evolução da inflação, o que faz com que o BCE se prepare para fazer mais um aumento em Julho, sem garantir que vai ficar por aqui.

As Euribor são fixadas pela média das taxas a que um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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