ADoP suspende director adjunto da W52-FC Porto por 25 anos

José Rodrigues sancionado por posse de betametazona, efedrina, metanfetamina, fenetilina, hormona de crescimento humano, IGF, EPO, anfetamina, corticotrofina, hidrocortisona e glucocorticoides.

Foto
Prova Limpa leva adjunto da W52 FC Porto a suspensão de 25 anos LUSA/NUNO VEIGA
Ouça este artigo
00:00
04:00

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

José Rodrigues, director adjunto e massagista da extinta W52-FC Porto, foi suspenso por 25 anos pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) por posse de substância e método proibidos na sequência do processo "Prova Limpa".

De acordo com a lista actualizada de sanções disciplinares da ADoP, Rodrigues vai cumprir uma sanção entre 7 de Setembro de 2022 e 6 de Setembro de 2047, por "posse de betametazona, efedrina, metanfetamina, fenetilina, hormona de crescimento humano, IGF, EPO, anfetamina, corticotrofina, hidrocortisona e glucocorticoides".

Adjunto de Nuno Ribeiro na extinta W52-FC Porto, o também massagista da equipa é um dos 26 arguidos acusados pelo Ministério Público (MP) de tráfico de substâncias e métodos proibidos, no âmbito da operação "Prova Limpa", respondendo também pelo crime de administração de substância e métodos proibidos.

Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, Nuno Ribeiro e o seu adjunto, José Rodrigues, "com o conhecimento e anuência" de Adriano Quintanilha, "patrão" da equipa, e do director geral Hugo Veloso, "adquiririam, entregaram e decidiram que os seus ciclistas teriam que administrar" substâncias "que constam na lista de substâncias e métodos proibidos em vigor".

Para o DIAP do Porto, "Adriano Sousa, Hugo Veloso e Nuno Ribeiro agiram sempre em conjugação de esforços e de intentos mediante um plano por eles elaborado, de dependência hierárquica profissional que os ciclistas que compunham a [...] W52-FC Porto tinham de si, os determinarem a consumirem substâncias ilícitas e a utilizarem métodos que sabiam ser proibidos", o que fizeram com o propósito de "obterem vantagens patrimoniais e não patrimoniais para a equipa".

Os três, assim como José Rodrigues, "abusaram da sua profissão de modo grave, violando os deveres de actuarem em prol do desenvolvimento desportivo da modalidade e dos ciclistas e da verdade desportiva, incentivando e promovendo a dopagem de praticantes desportivos".

Rodrigues é o mais recente dos envolvidos no processo "Prova Limpa" a ser castigado pela ADoP, que a 2 de Maio tinha suspendido Joni Brandão, três vezes segundo classificado da Volta a Portugal, por seis anos.

Brandão foi o último dos antigos ciclistas da W52-FC Porto a ser castigado pela ADoP, três semanas depois de a entidade ter agravado em sete anos a suspensão de Ricardo Vilela, que já se encontrava a cumprir uma sanção de três, por anomalias no passaporte biológico, e ter suspendido José Gonçalves por quatro anos, por "posse de substância proibida", no caso somatropina.

Vilela tinha sido um dos seis ciclistas suspensos, a 4 de Outubro, por três anos pela ADoP por "posse de substância proibida e método proibido", juntamente com Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respectivamente, e Daniel Mestre, José Neves e Samuel Caldeira.

João Rodrigues, vencedor da Volta a Portugal de 2019 e da Volta ao Algarve de 2021, também foi sancionado com três anos pela ADoP, mas viu o seu castigo agravado em quatro pela União Ciclista Internacional (UCI), por anomalias no passaporte biológico.

A ADoP reduziu a suspensão destes sete ciclistas de quatro para três anos por terem "confessado" - tal como aconteceu com Daniel Freitas, ex-ciclista da W52-FC Porto e arguido no processo "Prova Limpa" -, ao contrário do que aconteceu com Brandão e Gonçalves.

Pendentes de desfecho na justiça desportiva continuam os processos do ciclista Jorge Magalhães, assim como de Nuno Ribeiro.

Todos eles estão entre os 26 arguidos acusados de tráfico de substâncias e métodos proibidos no âmbito do processo "Prova Limpa", que desmantelou a equipa W52-FC Porto, grande dominadora do ciclismo nacional nos últimos anos.

Único dos 11 antigos ciclistas da W52-FC Porto a não ser constituído arguido, Amaro Antunes, vencedor da Volta a Portugal de 2020, encontra-se a cumprir um castigo de quatro anos por anomalias no passaporte biológico, tendo visto a UCI retirar-lhe, entre outros resultados, a vitória na edição de 2021 da prova "rainha" do calendário nacional.