Comer em França e em Itália? Lula queixa-se que “não é assim tão bom”

As queixas do Presidente brasileiro sobre as refeições nos dois países conhecidos pelas suas cozinhas deram eco à velha piada: “A comida era má e as doses demasiado pequenas.”

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Lula da Silva em Paris EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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Lula da Silva esteve no Vaticano com o Papa Ricardo Stuckert / Latin America
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Em Paris, o Presidente brasileiro encontrou-se com o seu homólogo francês EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON
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França, a terra dos bons vinhos e dos queijos delicadamente envelhecidos. Itália, onde o risotto é tão cremoso como o tiramisu. Os dois países são conhecidos em todo o mundo pela qualidade da sua comida — e pela paixão e conhecimento das pessoas que a produzem. Mas, para o Presidente do Brasil, Lula da Silva, a gastronomia francesa e italiana “não é assim tão boa”.

O ex-líder sindical, que ganhou um terceiro mandato no ano passado, confessou que raramente come bem no exterior. Aparentemente, as suas queixas sobre a “comida de palácio” no estrangeiro deram eco à velha piada: “A comida é horrível e as porções são muito pequenas.”

“Não há um tabuleiro para escolher e levar o que se quer”, disse Lula da Silva durante uma entrevista a um jornalista brasileiro, na terça-feira. “Tudo é muito sofisticado e, às vezes, a gente nem sabe o que é.”

Os comentários surgem poucos dias após o seu regresso de visitas diplomáticas a Itália, ao Vaticano e a França, onde se reuniu com o Presidente italiano, Sergio Mattarella, e com o Presidente francês, Emmanuel Macron, entre outras autoridades. Os ministérios dos Negócios Estrangeiros de França e de Itália não responderam a um pedido de comentário, nesta quarta-feira.

Lula é uma figura polémica no Brasil. Foi preso como parte de um amplo escândalo de corrupção antes de ser libertado em 2019 — e ganhou a reeleição com a margem mais estreita da história do Brasil.

Mas, com estas críticas, o governante pode estar a agradar ao seu povo. A comida brasileira é tipicamente mais saborosa e servida em porções maiores do que a comida da Europa Ocidental. Os amuse-bouches franceses e os antepastos italianos são menores do que o típico prato brasileiro de carne, arroz e feijão. As churrasqueiras brasileiras servem frequentemente carnes grelhadas à vontade.

Lula, que há muito procura posicionar-se como um homem do povo, elogiou a cozinha tradicional brasileira. “Posso viajar por todo o mundo, posso comer em todo o mundo, mas, quando chego a casa, comer um pouco [de feijão] com arroz, um bife e dois ovos estrelados, para mim, é o melhor prato do mundo.”

O político disse ainda que quer que esse tipo de comida seja mais servido aos líderes estrangeiros que visitam o Brasil. “Há dias em que a comida não é boa”, mesmo no Brasil, admitiu. Uma boa refeição, continuou, é uma refeição generosa. Mas os franceses estão entre aqueles “povos que comem pouco”, definiu. “Não me consigo habituar a isso. Preciso de quantidade”, admitiu.

O líder brasileiro até fez uma lista de pratos que mais gostaria de comer, incluindo rabo de boi, frango com quiabo e costela de porco frita — talvez na esperança de que um chef presidencial estrangeiro se inspire.

Apesar de a comida não ter sido do seu agrado, Lula brincou que, mesmo assim, voltou inteiro da viagem. “De qualquer forma, a gente sobrevive.”


Rebecca Branford e Amar Nadhir, do The Washington Post, contribuíram para esta reportagem
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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