Portuguesa Ana Bailão fica em segundo nas eleições municipais de Toronto

Ana Bailão foi derrotada por Olivia Chow nas eleições antecipadas para a autarquia da maior cidade do Canadá. Chegou a liderar a contagem dos votos na noite de segunda-feira.

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Ana Bailão durante a campanha para as eleições intercalares da câmara de Toronto
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Os cartazes verde-lima espalhados nas varandas e alpendres das casas em Little Portugal, bairro de Toronto, maior cidade do Canadá, onde a cultura portuguesa mantém-se viva pela mão da comunidade lusa, não bastaram para convencer os quase dois milhões de eleitores na cidade a escolher Ana Bailão para a liderança da autarquia, esta segunda-feira. Nem o apoio do principal jornal da metrópole, o Toronto Star.

Numas eleições mais renhidas do que o esperado, precipitadas por um escândalo que obrigou John Tory a demitir-se da presidência da cidade ao assumir uma relação íntima com uma funcionária, a portuguesa de Vila Franca de Xira, residente em Toronto há mais de 30 anos, foi derrotada por Olivia Chow — a favorita, desde o início, à conquista do cargo. Havia um total de 102 candidatos, incluindo uma cadela.

Mas Ana Bailão — um nome que, pelas ruas de Toronto e nas televisões canadianas, parece não ser acentuado com um til — deu luta. Antes de terem sido anunciados os resultados eleitorais finais, que indicam 37,17% dos votos a Olivia Chow e 32,46% à candidata portuguesa, Ana Bailão chegou mesmo a liderar a contagem dos votos.

Em declarações prestadas ainda na noite de segunda-feira, a centrista Bailão assegurou que não tinha “arrependimentos” sobre a campanha eleitoral. Admitindo que os resultados não eram o que esperava, a portuguesa disse estar “optimista” sobre o futuro de Toronto.

Dirigindo-se a Olivia Chow, disse: “A nossa cidade enfrenta grandes desafios e desejo-lhe as maiores felicidades ao navegar por esses desafios a braços com o município e a trabalhar com os outros governos”.

Sublinhando que “Toronto sempre arranjou forma de se unir para encontrar soluções”, Ana Bailão considerou que, com a nova autarca da cidade, “é tempo de união e apoio mútuo, de apoiar soluções que melhorem os serviços públicos e que tornem a vida mais acessível para todos os residentes”.

Filha de um construtor civil e de uma costureira, Ana Bailão viveu de perto os problemas crónicos de acesso à habitação em Toronto quando, ainda adolescente, se mudou com os pais de Vila Franca de Xira para um apartamento com apenas um quarto na zona de Davenport. A sua carreira política foi catapultada em 2010, quando foi eleita para o governo municipal, tendo liderado um comité dedicado às soluções para a habitação acessível. Em 2017, tornou-se vice-mayor de Toronto.

John Tory, o autarca cessante, anunciou na semana passada o apoio a Bailão, com quem trabalhou de 2017 a 2022 na autarquia. Em Outubro de 2022, a portuguesa foi contratada para um cargo directivo numa empresa imobiliária, tendo posteriormente apresentado a sua demissão para se candidatar à presidência da autarquia de Toronto.

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