Gravação mostra Trump a admitir que possui documentos “altamente confidenciais”

Num audio divulgado pela CNN, gravado em Julho de 2021, o ex-Presidente dos EUA discute com membros da sua equipa um documento classificado sobre os planos do Pentágono para atacar o Irão.

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O julgamento de Donald Trump está marcado para 14 de Agosto Reuters/REBECCA COOK
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A emissora norte-americana CNN divulgou uma gravação áudio em que o ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, admite ter na sua posse documentos “altamente confidenciais”, contradizendo as suas anteriores afirmações de que já tinha desclassificado os referidos documentos.

A gravação, que foi feita no clube de golfe de que Trump é proprietário, em Bedminster, New Jersey, em Julho de 2021, parece indicar que o ex-Presidente norte-americano conhecia os procedimentos de desclassificação adequados mas não os terá seguido.

O áudio, com a duração de dois minutos, divulgado pela CNN no programa “Anderson Cooper 360” inclui novos pormenores de uma conversa que é uma das peças de prova fundamentais na acusação do procurador especial Jack Smith contra Trump por abuso de informação confidencial, incluindo um trecho em que o antigo Presidente parece partilhar com outros membros da sua equipa - que não possuem autorização de segurança - que tem na sua posse um documento secreto do Pentágono, compilado pelo general Mark Milley, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas dos EUA, no qual se detalham potenciais planos para atacar o Irão.

Na conversa, Trump dirige-se aparentemente a um grupo de pessoas que estão a ajudar o seu antigo chefe de gabinete, Mark Meadows, a escrever um livro.

“São estes documentos”, diz Trump na gravação, enquanto discute os planos de ataque do Pentágono, uma citação que não foi incluída na acusação federal. “Vejam, como Presidente eu poderia tê-los desclassificado. Agora não posso, mas isto continua a ser secreto”, diz Donald Trump, que tentava provar que os planos de guerra com o Irão existiam antes de ele chegar à Casa Branca.

“Ele disse que eu queria atacar o Irão. Não é incrível?”, diz Trump sobre Milley, enquanto se ouve o som de papéis a serem mexidos. “Tenho uma grande pilha de papéis. Foi-me apresentado isto, não é oficial, mas apresentaram-me isto. Isto era dele. Isto era dele e do Departamento de Defesa dos EUA. Isto não foi planeado por mim”, continua o antigo Presidente norte-americano.

Na gravação obtida pela CNN, ouve-se ainda Trump e os seus assessores a falarem, em tom jocoso, sobre o caso dos emails enviados por Hillary Clinton, antiga secretária de Estado e sua opositora nas eleições presidenciais de 2016, a partir do seu computador pessoal.

“A Hillary imprimia isso tudo. Os seus e-mails privados”, diz um membro da equipa do ex-Presidente. “Não, ela enviava-os a Anthony Weiner”, responde Trump, referindo-se a um antigo congressista democrata entretanto caído em desgraça, o que provocou risos na sala.

Donald Trump tem negado repetidamente qualquer irregularidade e também afirmou que tinha direito a documentos que já tinha “desclassificado unilateralmente sem passar por qualquer processo formal”.

Numa reacção ao áudio divulgado pela CNN, publicada na sua rede social, a Truth Social, Trump diz que a gravação foi obtida de forma “ilegal” e foi manipulada para o fazer parecer culpado, quando na realidade, afirma, o “iliba”.

“Esta caça às bruxas em curso é mais um esquema de interferência eleitoral. Eles são batoteiros e criminosos!”, conclui.

Trump enfrenta 37 acusações criminais, que vão desde a retenção deliberada de informações de defesa nacional até à conspiração para obstruir a justiça, no âmbito da investigação contra ele por mais de 300 documentos confidenciais encontrados na sua residência de Mar-a-Lago, na Florida.

Segundo o procurador especial que liderou as investigações, Jack Smith, Trump violou a Lei de Espionagem 31 vezes, ao reter na sua residência, de forma intencional e obstinada, 31 documentos com informações vitais para a segurança do país; e cometeu seis crimes relacionados com sonegação de informação, incluindo obstrução da Justiça e falsas declarações.

Há duas semanas, o ex-Presidente dos EUA apresentou-se ao tribunal federal de Miami, declarando-se inocente de todas as acusações. O julgamento foi marcado para 14 de Agosto pela juíza Aileen Cannon, mas é provável que a data venha a ser adiada devido à complexidade do processo.

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