TAP e mais 16 companhias acusadas de greenwashing por associações de consumidores

A BEUC, associação europeia de consumidores, a par da Deco e de outras 22 organizações, diz que as companhias aéreas fazem “alegações enganosas” ligadas a emissões e mitigação dos impactos ambientais.

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Companhia aérea portuguesa é uma das 17 empresas europeias visadas Reuters/Rafael Marchante
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A TAP é uma das 17 companhias aéreas que, segundo organizações de consumidores como a europeia BEUC e a Deco, usam “práticas e alegações que são claro greenwashing [falsa aparência pública de sustentabilidade] e que enganam seriamente os consumidores”.

Num comunicado enviado nesta quinta-feira às redacções, a Deco, uma das 23 organizações de defesa do consumidor envolvidas nesta acção em articulação com a BEUC (acrónimo de Bureau Européen des Unions de Consommateurs), diz ser “inaceitável que as transportadoras aéreas utilizem alegações associadas a 'neutralidade carbónica', à 'redução da pegada ambiental', a 'voar de forma mais sustentável' ou à 'compensação das emissões de carbono' num sector altamente poluente, e, ainda, que induzam os consumidores a optar por suplementos que alegadamente compensam as emissões ou tarifas apelidadas de 'verdes'”.

De acordo com a Deco, “quer os consumidores paguem uma 'tarifa verde' ou não, o voo em que viajem continuará a emitir gases nocivos para o clima, pelo que apresentar este modo de transporte de alguma forma como sustentável é puro branqueamento ecológico”.

Assim, e segundo o comunicado, estas organizações apelaram “formalmente às autoridades europeias para que ajam de forma a evitar que as transportadoras continuem a utilizar tais práticas e alegações que são claro greenwashing e que enganam seriamente os consumidores”. “Voar não é sustentável e não será num futuro próximo”, sublinha a Deco.

As companhias visadas

No site da BEUC enuncia-se que as companhias visadas são, por ordem alfabética, a Air Baltic, Air Dolomiti, Air France, Austrian, Brussels Airlines, Eurowings, Finnair, KLM, Lufthansa, Norwegian, Ryanair, SAS, Swiss, TAP, Volotea, Vueling e Wizz Air.

O comunicado da BEUC, no qual diz que foi apresentada uma queixa junto da Comissão Europeia, defende uma investigação alargada sobre esta matéria.

“Nos casos em que as companhias aéreas propõem aos passageiros pagarem mais por uma taxa 'verde' com base em alegações enganadoras”, as autoridades "devem pedir às empresas o reembolso” dessas verbas, refere a BEUC.

“Alegações como a de que pagamentos extras podem 'neutralizar' ou 'compensar' as emissões de CO2 são factualmente incorrectas”, já que, diz esta organização, os benefícios são “muitíssimo incertos” e os danos são “uma certeza”.

A análise legal feita pela BEUC, refere-se no comunicado, considera que este tipo de alegações “viola as regras da UE” sobre práticas comerciais. A BEUC chama ainda a atenção para o facto de o chamado "combustível de aviação sustentável" (SAF – sustainable aviation fuels, em inglês) ter ainda uma presença incipiente no mercado.

Companhias defendem a "importância da transparência"

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da TAP remeteu para a resposta dada pela associação europeia do sector, a A4E (Airlines for Europe). Em comunicado, a A4E diz que as companhias aéreas europeias “reconhecem por completo a importância da transparência na comunicação ligada à sustentabilidade” e que o sector está “a trabalhar de forma activa para atingir a meta de zero emissões até 2050”.

Quando se avalia o impacto de um voo no ambiente, defende a A4E, há “uma série de factores que devem ser tidos em consideração”, como o uso de combustível de aviação sustentável, uma melhoria nas emissões e as compensações. “Embora as compensações tenham actualmente um papel relevante", diz esta associação, “a sua importância diminuirá à medida que a indústria trouxer aeronaves mais eficientes em termos de combustível e investir em mais SAF até chegar ao zero, em termos líquidos, até 2050”.

Defendendo que as compensações têm de conter “os mais altos padrões de qualidade”, a A4E diz que as companhias aéreas “estão empenhadas em subscrever soluções de descarbonização que não apenas reduzam as emissões de CO2”, mas "que também contribuam para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”.

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