Cidade Rabat, de Susana Nobre. Uma estrangeira aqui, ela própria

A primeira ficção de Susana Nobre é um óptimo filme, discretíssimo e silencioso como é cada vez mais raro.

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A espécie de ilusão de óptica sugerida pelo título, que não se refere à cidade marroquina mas a uma rua de Benfica, lança logo os dois termos de uma relação que percorre inteiramente a primeira ficção de Susana Nobre: um jogo de equilíbrio entre o “familiar” e o “estranho”, ou o “estrangeiro”. “Eu próprio sou um estrangeiro aqui”, como diz uma frase de que Nicholas Ray se apropriou (e nem é o único sentimento que aqui nos reencaminha para o autor de We Can’t Go Home Again), e Cidade Rabat é um filme sobre uma mulher que se descobre exactamente assim, “uma estrangeira aqui”.

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