Novo festival literário de Braga quer ser “o maior do país”

Utopia é o nome do novo festival que pretende tornar-se numa “marca global”. A primeira edição decorre em Novembro e terá, entre os convidados, Ludmila Ulitskaya, escritora russa exilada em Berlim.

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Ludmila Ulitskaya será uma das convidadas da primeira edição do festival literário Utopia, em Braga OLEG DORMAN
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Conferência de imprensa para apresenar novo festival literário em Braga, cuja primeira edição está prevista para Novembro cortesia sérgio freitas
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Nasce da ideia de querer evocar a utopia enquanto “sítio perfeito das aspirações do Homem” e pretende, a partir de Braga, tornar-se no “maior evento literário do país” e uma “marca global”. A primeira edição do Utopia terá lugar entre os dias 2 e 11 de Novembro e entre as confirmações constam já os nomes de Ludmila Ulistkaya, Ricardo Araújo Pereira, Dulce Maria Cardoso ou Frederico Lourenço.

O festival literário é organizado pela The Book Company, empresa do universo da Penguin Random House, e os seus objectivos “não são pequenos”, revelou esta tarde Paulo Ferreira, director-geral da The Book Company, durante a conferência de imprensa do evento. Se por um lado o festival quer destacar-se no roteiro dos eventos literários do país, por outro quer transformar-se numa “marca global”. A ambição passa por realizar o festival em Braga e, a partir de 2025, dinamizá-lo simultaneamente lá fora. “Em 2025 e 2026 irá para Espanha e em 2027 esperemos que atravesse o Atlântico”, detalhou o responsável.

Na sua primeira edição, o festival, que tem o PÚBLICO como media partner, vai ter o seu epicentro na capela Imaculada do Seminário de Nossa Senhora da Conceição e receberá mais de uma centena de convidados, tendo previsto, ao longo dos 11 dias de programação, conversas com autores, entrevistas, espectáculos, exposições, passeios literários, oficinas, sessões com escolas e workshops. Haverá espaço para expositores de editoras – a Pinguin não estará presente, salvaguardou Paulo Ferreira –, livrarias e alfarrabistas, mas o evento não tem a intenção de ser uma “feira do livro”.

Ludmila Ulistkaya marcará presença

O programa da primeira edição do Utopia, apesar de já estar “bastante adiantado”, ainda não está fechado, mas está já confirmada a presença de Ludmila Ulistkaya, escritora russa exilada em Berlim e todos os anos apontada como forte candidata ao Nobel da Literatura. Na sessão inaugural do evento, que terá lugar no Theatro Circo, estão também garantidas as presenças do humorista Ricardo Araújo Pereira e do tradutor, ensaísta e poeta Frederico Lourenço.

O evento vai também acolher um espectáculo multidisciplinar inédito de Afonso Cruz, uma conversa com a autora Dulce Maria Cardoso, e as presenças da jornalista e autora Susana Moreira Marques e da jornalista venezuelana Karina Sainz Borgo.

Sob o mote “territórios literários”, o festival, avançou Paulo Ferreira, quer explorar, por um lado, “a ligação do território com a literatura e, neste sentido, pensar em Braga enquanto espaço literário”, e, por outro, abraçar a ideia metafórica “de que a literatura molda, muitas vezes, a forma de olhar a realidade”.

Braga, destino do “turismo literário”

O festival literário vai substituir a Feira do Livro de Braga, que decorreu ao longo de trinta e uma edições em zonas nevrálgicas da cidade, como as ruas do centro histórico ou no Altice Forum Braga. O Utopia, apesar de algumas das suas iniciativas poderem vir a decorrer noutros locais da cidade, vai acontecer num lugar mais distante da urbe e o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio (PSD), reconheceu que a mudança, embora configure um “desafio”, reside na ideia de fazer uma “ruptura” com o passado.

O autarca lembrou que o novo festival pretende afirmar Braga, que acolherá o título de Capital Portuguesa da Cultura em 2025, enquanto destino do “turismo literário” e que o “cerne” de todo o evento, ao contrário de uma feira do livro em que o objectivo é “comercial”, serão “todos os que estão envolvidos no processo de criação, desde autores a editores”.

Ricardo Rio espera que o festival possa “reposicionar” a relação de Braga, cidade já associada a prémios de literatura como o Vida Literária Vítor Aguiar e Silva ou o Viagens Maria Ondina Braga, e onde existem “diversos autores, editores, livrarias e alfarrabistas”, com o “livro e a literatura”.

O festival, garantiu Paulo Ferreira, “nunca vai perder as raízes a Braga” e pretende que o nome da cidade seja associado a um “festival reconhecido por todas as áreas do livro”.

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