Repressão pulverizou droga e conduziu-a de novo para o Porto mais pobre
“Limpou-se” a Pasteleira, sobrecarregou-se o Oriente da cidade. Dispersão de consumidores acarreta danos sociais e de saúde. No terreno com o alerta dos técnicos: falta uma resposta estruturada.
Quando um ponto de tráfico desaparece, outro se inaugura. E quando a geografia do traficante muda, a do consumidor segue-lhe os passos. Até onde for preciso. Quem o diz é Ricardo A., 33 anos de dependência, um desejo de se libertar dela tão grande como a certeza de que nunca o fará. Nem as preces da filha, autoridade máxima para o coração, conseguem mudar as leis da dependência, sem alíneas escritas sobre racionalidade ou fronteiras. Aos pedidos dela Ricardo respondeu-lhe sempre com uma lição aprendida com o corpo como cobaia. Talvez a mais dolorosa dos seus 47 anos: “Se a droga estivesse na China, o pai ia até à China buscá-la. E ia encontrar outros como ele pelo caminho.”
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