Quinta de Catralvos: Na Arrábida, bons vinhos e bons casamentos

Além de ser espaço de eleição para casamentos, a Quinta de Catralvos casa a paisagem da Serra da Arrábida com vinhos diferenciados e uma história de família sem brasões mas com raízes fortes.

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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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O rótulo é minimalista, mas não deixa de contar uma história. E não precisa de se socorrer de brasões de família, de datas históricas ou de documentos antigos para fazê-la caber no exíguo rectângulo de nove centímetros por onze. Na Quinta de Catralvos, são as árvores que contam a história da família Beatriz – e fazem, de caminho, as vezes de brasão.

O sobreiro para os vinhos de topo, a laranjeira para o nível de entrada. Ambas as espécies compõem a envolvente desta adega com vista para a Arrábida, a par de outras como o medronheiro e a alfarrobeira, todas com o mesmo propósito sentimental: são uma evocação da serra algarvia. É lá que estão as raízes de Manuel Beatriz, nascido em São Brás de Alportel, criado no Montijo e rendido ao vinho a partir do momento em que esta quinta de Azeitão lhe surgiu ao caminho. De seguida chegaremos a essa história.

Ainda as árvores: Manuel “é o tronco, que ergueu isto tudo”, explica a filha Inês Beatriz, que assume a responsabilidade pela gestão do negócio de família. “Os ramos são as filhas, os netos, as pessoas que aqui trabalham. E as folhas são os clientes, fornecedores e toda a gente que se relaciona com Catralvos.”

Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
Prova de vinhos, na Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
Sala de barricas da Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
Na Quinta de Catralvos, em Azeitão, a prova de vinhos vem acompanhada de queijo de Azeitão e compota de moscatel. Goncalo Villaverde
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Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde

Enoturismo de raiz

Manuel Beatriz começou a pensar em enoturismo há um par de décadas, ainda mal se tinha ouvido falar de associar vinhos a turismo. “Eno-quê?”, perguntou Inês quando o patriarca desvendou à família os seus planos para a vinha que havia comprado uns anos antes. O episódio da compra ocorreu em meados dos anos 1980. Nesse tempo, faziam praia em Sesimbra, mas, recorda Inês, a vila “começava a ficar demasiado cheia com o turismo”, pelo que decidiram desfazer-se do andar de férias que ali tinham.

No dia da venda, já no regresso a casa, ainda Manuel de cabeça ocupada com o destino a dar ao dinheiro, a estrada levou-o a passar por uma quinta com um letreiro “Vende-se”. Continua Inês, “O preço era mais ou menos o valor do cheque que ele trazia no bolso.” É aí que a Quinta de Catralvos entra na vida da família Beatriz.

Reconverteram a vinha antiga, primeiro com o propósito de vender uva, mas Manuel Beatriz tinha outros planos. Em 2003, põe todas as fichas na mesa, construiu uma adega com o duplo propósito de produzir os vinhos da quinta e receber turistas – com loja de venda ao público, vertente de alojamento na antiga casa dos caseiros, salões para casamentos (hoje uma das grandes montras da quinta, que aponta para os 20 mil convidados/ano) e, claro, a tal coisa então inaudita de fazer provas de vinhos e visitas guiadas à adega e às vinhas.

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Manuel Beatriz fundou a Quinta de Catralvos desde logo com o enoturismo como objectivo. Hoje é a filha, Inês Beatriz, quem assegura a gestão da empresa familiar. Goncalo Villaverde

Até há pouco tempo, os vinhos foram produzidos sob a marca Malo Tojo, ao abrigo de uma parceria com o médico Paulo Maló, mas em 2020, com o projecto a entrar na maioridade, a família Beatriz decidiu concentrar esforços e assumir os vinhos por conta própria, aos quais decidiram chamar apenas Catralvos. Não foi só a questão de marca que pesou na decisão.

Tratou-se também de posicionamento, assumir que não queriam estar no mesmo campeonato que os produtores de grande escala da região, e focar-se antes naquilo que melhor traduz estes 20 hectares de vinha em modo de produção integrada, onde “a frescura é um elemento-chave, graças à proximidade da Arrábida e do mar, com nevoeiros matinais”, explica o director-geral Hugo Garcia. A acidez é uma mais-valia.

A título de exemplo, prove-se o Moscatel de Setúbal, cuja acidez confere um contorno menos doce do que o habitual nesta família de licorosos. E mesmo a uva tinta castelão, que noutras vinhas da região dá tintos intensos e estruturados, aqui tem como finalidade um blanc de noirs untuoso e amendoado, e um rosado gastronómico, com fruta presente mas sem fogo-de-artifício. Para a gama de tintos, recorrem às uvas provenientes de Pegões, bem como de alguns produtores locais de uva, acompanhados de perto pelo enólogo da casa Ricardo Santos.

A prova dos vinhos da casa pode acontecer dentro da loja, em si uma preciosidade, em jeito de venda antiga, mas, com os dias convidativos que aí estão, ganha outra graça na esplanada que lhe fica em frente, com as vinhas debaixo de olho. Sobre a mesa, compota de laranja e moscatel e queijo de Azeitão dão “encosto” ao vinho. Os proverbiais “casamentos perfeitos”, assunto sobre o qual Catralvos sabe com fartura.

A Quinta de Catralvos tem cinco quartos, na antiga casa dos caseiros. Goncalo Villaverde
Além de visitar a adega e provar vinhos, a Quinta de Catralvos funciona também como casa de turismo rural. Goncalo Villaverde
Loja da Quinta de Catralvos, em Azeitão Goncalo Villaverde
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A Quinta de Catralvos tem cinco quartos, na antiga casa dos caseiros. Goncalo Villaverde

Quinta de Catralvos
EN 379, Azeitão (Setúbal)
GPS: 38.5063 -9.0449
Tel.: 212197610
Web: quintadecatralvos.pt
Loja: das 09h00 às 19h00 (Inverno, até às 18h00). Não encerra
Visita com prova (5 vinhos e queijo de Azeitão), 15 euros

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