“Não devemos empurrar a banca para soluções do passado”, diz Centeno

Governador do Banco de Portugal diz que há margem para os juros dos depósitos da banca subirem mais, mas avisa que sustentabilidade da banca é uma prioridade

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal LUSA/MÁRIO CRUZ
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Os bancos deviam continuar a aumentar os juros dos depósitos e têm ainda margem para isso, mas o mais importante é o país ter uma banca sustentável, defendeu esta sexta-feira o governador do Banco de Portugal, que garantiu não ter ficado preocupado com a transferência de poupanças dos portugueses dos depósitos para os certificados de aforro nos primeiros meses deste ano.

Na conferência de imprensa de apresentação das novas previsões para a economia portuguesa, Mário Centeno foi questionado sobre o nível das taxas de juro que os bancos portugueses estão a oferecer nos seus depósitos e, embora assinalando que as recentes subidas registadas neste indicador o colocam em máximos dos últimos 15 anos, defendeu que “ainda têm margem para subir”.

No entanto, alertou que tal não pode ser feito colocando em risco o equilíbrio financeiro dos bancos. “Sim, deveriam continuar a aumentar, mas queremos acima de tudo uma banca sustentável e que possa estar ao serviço do país, coisa que há poucos anos não acontecia. Antes da crise financeira, os bancos portugueses tiveram de oferecer taxas de juro muito apetecíveis para atrair mais depósitos. E dois anos depois estávamos em crise”, assinalou, defendendo: “não devemos empurrar a banca para soluções que foram adoptadas no passado pelos problemas que a banca tinha”.

Apesar desta preocupação com a sustentabilidade financeira dos bancos, Mário Centeno não revelou apreensão com a forma como, nos primeiros meses deste ano, os bancos viram os seus clientes retirarem uma parte das suas poupanças de depósitos para os colocar em certificados de aforro, um produto de financiamento do Estado que oferecia, principalmente antes das alterações recentemente introduzidas pelo Governo, condições muito mais favoráveis.

“A banca tem um rácio de depósitos bastante confortável”, disse, garantindo não ter tido qualquer contacto com o Ministério das Finanças sobre este assunto nas vésperas da decisão de lançar uma nova série de certificados com taxas de juro menos atractivas para os aforradores.

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