Dois ateliers portugueses distinguidos no prémio de arquitectura que “serve a acessibilidade”

A sede do Centro Terapêutico Pony Club, no Porto e os acessos mecânicos ao castelo de Leiria são os dois projectos com menções honrosas no prémio da União Internacional de Arquitectos.

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Arquitectura serviu acessibilidade na equitação terapêutica do Pony Club do Porto PEDRO AFONSO by ESPACO BRANCO; PEDRO AFONSO ©2019
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Usar a arquitectura para criar espaços mais acessíveis. Foi este o ponto de partida de dois projectos portugueses, um no Porto, com a transformação de um espaço de equitação terapêutica, e outro em Leiria, melhorando os acessos ao castelo, distinguidos no prémio internacional de espaços inclusivos da União Internacional de Arquitectos. Ambos receberam uma menção honrosa.

A sede do Centro Terapêutico Pony Club no Conde Ferreira, no Porto, está agora preparada para as aulas com pessoas com deficiência — há até uma rampa para pessoas que usam cadeiras de rodas que conduz os alunos até ao dorso dos animais.

O castelo de Leiria, na zona histórica da cidade, conta com dois novos acessos para pessoas com mobilidade reduzida. Dois elevadores, perfeitamente integrados na paisagem, foram instalados para facilitar a chegada ao monumento a partir dos parques de estacionamento.

Os dois projectos foram distinguidos com uma menção honrosa em diferentes categorias na quarta edição dos Friendly and Inclusive Spaces Awards, que recebeu 116 projectos candidatos de 37 países. Na categoria de reformulação de edifícios já existentes distinguiu-se a criação do atelier 10dedosvalentes, com a assinatura do arquitecto Tiago Reis. A acessibilidade no castelo de Leiria, pensada pelo arquitecto Vítor Santos Cruz, mereceu a distinção na categoria de espaços públicos.

A “arquitectura serviu a acessibilidade” na equitação terapêutica

Uma parte do espaço exterior do Conde Ferreira, no Porto, estava em ruínas e serviu de ponto de partida para a nova sede do Pony Club do Porto, que proporciona equitação terapêutica a crianças e adultos com deficiências físicas e mentais.

Pony Club - Porto Miguel Oliveira
Pony Club - Porto PEDRO AFONSO
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Pony Club - Porto Miguel Oliveira

Havia pedras com cerca de 150 anos que o arquitecto Tiago Reis quis “aproveitar, aplicando essa matéria-prima nos edifícios que íamos conservar”, explicou ao P3.

“Não havia hipótese de manter a estrutura”, por isso, fizeram “uma série de correcções à topografia do terreno”. As pedras centenárias foram aproveitadas para nivelar as quotas do anfiteatro que ligava os dois picadeiros exteriores e, assim, facilitar a circulação entre os dois espaços. Além de se tornar um espaço mais acessível, “visualmente reforçou a ideia de quinta e nós queríamos reactivar esse ambiente”, raro nos centros urbanos como o Porto.

Tiago Reis queria que “o espaço fosse universalmente acessível”, por isso, evitaram “materiais derrapantes como o granito ou a calçada por ser irregular", optando antes por superfícies mais lisas. Tornaram os corredores e acessos grandes o suficiente para permitir a circulação de cadeiras de rodas e até foram criadas “rampas especiais para conduzir as pessoas em cadeira de rodas até ao dorso do animal”, destaca o arquitecto.

Quanto ao prémio, diz que “assentou que nem uma luva” ao projecto, já que “a arquitectura serviu a acessibilidade”.

Um castelo mais acessível para todos em Leiria

Chegar a um castelo, na zona mais alta de uma cidade, pode não ser tarefa fácil para quem tem a mobilidade condicionada. No caso de Leiria, o obstáculo foi contornado com a instalação de dois elevadores e rampas que ligam o parque de estacionamento na quota baixa à entrada do castelo, na quota mais alta.

A ideia partiu do arquitecto Vítor Santos Cruz, do colectivo AMVC – Arquitectos Associados, de Viseu. Perfeitamente integrados na paisagem histórica, estes agentes mecânicos resolvem os obstáculos de acessibilidade do monumento e tornam o espaço mais inclusivo.

Em que consiste o projecto? No acesso norte, além de um elevador, nasceu uma estrutura leve em ferro e madeira, que acompanha a muralha do castelo, e serve de plataforma de chegada ao monumento, passando quase despercebida na paisagem. A sul, há agora um primeiro elevador vertical seguido por um passadiço e um novo elevador que encaminha até à entrada do castelo.

O castelo tem um acesso na zona norte e na zona sul DR
Elevadores e rampas facilitam o acesso ao castelo DR
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O castelo tem um acesso na zona norte e na zona sul DR

Vítor Santos Cruz explica que este projecto foi complexo, já que envolveu “um licenciamento cuidado da Direcção-Geral do Património e Cultura”.

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