Ricardo Bak Gordon fez uma casa de azulejos e betão para uma vida em Lisboa

O azulejo e o betão são materiais distantes, mas funcionam, mostra Ricardo Bak Gordon com esta casa na rua São Francisco de Borja, na Lapa.

A casa combina azulejos cerâmicos e betão Francisco Nogueira
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A casa combina azulejos cerâmicos e betão Francisco Nogueira

Uma casa de azulejos e betão não é a construção mais comum e é fácil perceber porquê. São de texturas distintas, pertencem a épocas opostas e, à partida, poderiam ter tudo para não combinar. Ainda assim, foram os materiais que o atelier de Ricardo Bak Gordon escolheu utilizar nesta casa na rua São Francisco de Borja, em Lisboa.

Um antigo armazém industrial, localizado entre o Museu de Arte Antiga e o Bairro da Lapa, deu origem a uma habitação moderna que respeita a arquitectura tradicional do lugar onde se insere. O terreno, estreito e comprido, engana quem por ali passa e imagina uma habitação pequena. Na verdade, tem três pisos, um pátio central e até um jardim.

“Encontro um certo gosto em reunir e compor uma palete de materiais que, se calhar, não encontramos de uma forma tão comum. Percebo que se veja a cerâmica vidrada juntamente com o betão aparentemente como coisas de universos distantes e aqui foram trazidos para o mesmo projecto”, começa por explicar o arquitecto ao P3.

Para Bak Gordon, integrar a casa na “atmosfera sensível do bairro” foi um desafio, mas o facto de apostar em elementos modernos e numa fachada tradicional não faz desta obra uma arquitectura contemporânea, definição que afasta. “Quando a arquitectura funciona e cumpriu os seus objectivos é boa desde há 50 anos como deve ser boa daqui a 50. São construções que vão durar e perdurar no tempo e as qualidades também são reconhecíveis ao longo do tempo”, completa.

A casa foi construída para ser intemporal e “continuar um diálogo” entre o que já existia na rua histórica e o que continuará a existir. A fachada de azulejos verdes cerâmicos, feitos à mão e por isso todos eles diferentes, é um elemento de destaque, mas há outro pormenor: o portão da garagem é diferente de todos os outros que por ali vemos. Além de ser de madeira é também gradeado e deixa espreitar um pouco para o interior da habitação. Segundo o arquitecto, “desce como se fosse uma guilhotina” para o piso -1 e faz com que a casa e a rua sejam um só.

No interior, aposta-se uma vez mais no betão, desta vez em quase todas as paredes e tectos, que contrastam com o piso de madeira e a paleta cromática neutra. “É um material que, além de funcionar muito bem como elemento estrutural, também tem um sentido plástico e atmosférico do qual gosto bastante.” 

A obra, que demorou dois anos a ser construída, foi concluída em 2023. Francisco Nogueira fotografou-a, captando a junção de materiais improváveis e o eterno diálogo entre o moderno e o tradicional.

“Todo o trabalho que nós procurámos produzir tem a ideia de respeitar a integração dos lugares, mas ao mesmo tempo acrescentar algum ponto que seja novo”, descreve-a agora Ricardo Bak Gordon. Não acredito que a arquitectura se faça por ruptura. Acho que se faz por continuidade.”

Do mesmo arquitecto:

 

A fachada da casa é forrada a azulejos cerâmicos verdes e betão
A fachada da casa é forrada a azulejos cerâmicos verdes e betão Francisco Nogueira
A fachada da casa é forrada a azulejos cerâmicos verdes e betão
A fachada da casa é forrada a azulejos cerâmicos verdes e betão Francisco Nogueira
O betão assume particular destaque no interior
O betão assume particular destaque no interior Francisco Nogueira
Os azulejos também foram usados numa das paredes do jardim
Os azulejos também foram usados numa das paredes do jardim Francisco Nogueira
No interior, o betão surge nos tectos
No interior, o betão surge nos tectos Francisco Nogueira
No interior, o betão surge nos tectos
No interior, o betão surge nos tectos Francisco Nogueira
Prolonga-se pelas paredes exteriores e interiores dos três pisos
Prolonga-se pelas paredes exteriores e interiores dos três pisos Francisco Nogueira
Prolonga-se pelas paredes exteriores e interiores dos três pisos
Prolonga-se pelas paredes exteriores e interiores dos três pisos Francisco Nogueira
Os quartos têm vista para o jardim
Os quartos têm vista para o jardim Francisco Nogueira
A casa demorou dois anos a ser construída
A casa demorou dois anos a ser construída Francisco Nogueira
Foi terminada este ano
Foi terminada este ano Francisco Nogueira
A madeira no pavimento e mobiliário foram os outros materiais utilizados
A madeira no pavimento e mobiliário foram os outros materiais utilizados Francisco Nogueira
O portão da garagem é de madeira e gradeado
O portão da garagem é de madeira e gradeado Francisco Nogueira
O projecto tem como objectivo ser intemporal
O projecto tem como objectivo ser intemporal Francisco Nogueira
A casa procura respeitar o meio onde se insere e, ao mesmo tempo, ser moderna
A casa procura respeitar o meio onde se insere e, ao mesmo tempo, ser moderna Francisco Nogueira