PGR abre inquérito a alegada intervenção de Rui Moreira na Avenida Nun´Álvares no Porto

De acordo com um artigo da revista Sábado, um traçado da avenida proposto “salva parte do terreno da casa e também do jardim arrendado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto”.

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Rui Moreira afirmou não haver nenhum projecto aprovado para a Avenida Nun'Álvares Adriano Miranda

A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito à alegada intervenção do presidente da Câmara Municipal do Porto, o independente Rui Moreira, na proposta de alteração do traçado da Avenida Nun'Álvares, junto à sua residência, situação que refuta.

"Confirma-se a existência de inquérito. O mesmo encontra-se em investigação e sujeito a segredo de justiça", referiu a PGR em resposta enviada esta segunda-feira à Lusa.

Na sua edição de 7 de Junho, a revista Sábado avança que o traçado da Avenida Nun'Álvares agora proposto "salva parte do terreno da casa e também do jardim arrendado pelo presidente da Câmara Municipal do Porto".

A 11 de Abril, a Câmara Municipal do Porto aprovou por unanimidade a abertura da discussão pública referente à delimitação das Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) relativas ao projecto da Avenida Nun'Álvares, que ligará a Praça do Império à Avenida da Boavista e prevê, numa extensão de 1,5 quilómetros, a construção de dois parques e duas praças.

Ouvido pela Sábado, Paulo Graça, advogado especialista em direito administrativo, disse que o autarca "não poderia intervir numa situação destas porque, sendo presidente da Câmara, está sujeito a um dever de imparcialidade que lhe impõe que não intervenha na discussão ou decisão".

Segundo o jurista, o facto de Rui Moreira ter interesses pessoais por ser proprietário num caso e arrendatário noutro impede-o de participar numa discussão ou votação, defendendo que o mesmo "devia ter pedido escusa de participar". "A questão só tem relevância penal se for detectado que o motivo determinante da intervenção do autarca é beneficiar-se. Se este dolo específico for detectado e provado, então poderemos estar perante uma situação de abuso de poder", acrescentou.

Contactado pela Lusa, Rui Moreira remeteu a sua posição para o direito de resposta enviado à Sábado, e entretanto publicado, onde vincou que o que foi "concretamente aprovado" na reunião de 11 de Abril foi a abertura da discussão pública, actualmente em curso, relativa à delimitação de três subunidades de execução autónomas que constituem a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) 1.

O independente reforçou não haver nenhum projecto aprovado para a Avenida Nun'Álvares e que, em qualquer caso, a competência para aprovar os projectos está subdelegada no vereador do Urbanismo.

"Sublinho que nos meus mandatos não foi aprovado nenhum projecto da via Nun'Álvares. E como já fiz questão de provar e demonstrar, nem eu nem a minha família fomos ou somos proprietários de um metro quadrado que seja no perímetro da UOPG-1", reforçou.

E acrescentou: "Os limites da UOPG-1, junto à minha residência, correspondem aos concretizados no projecto de loteamento elaborado em 2012, pelo executivo do doutor Rui Rio [PSD] e não durante a minha presidência".

À margem da reunião do executivo de 11 de Abril, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, disse aos jornalistas que a construção da avenida arranca entre 2024 e 2025 e tem um investimento que ronda os 30 milhões de euros.

Na avenida está prevista a construção de dois parques adjacentes à ribeira de Nevogilde e à ribeira da Ervilha, bem como de duas praças. Quanto ao perfil da avenida, o plano municipal prevê a construção de quatro vias (duas para automóveis e duas para autocarros), bem como de duas ciclovias (uma em cada sentido) e de passeios de "dimensão generosa".