Portugal teve primeira morte por mpox em Janeiro, diz agora a DGS
Apesar de não terem sido confirmados novos casos de mpox, conhecida em inglês por monkeypox, desde final de Março de 2023, a Direcção-Geral da Saúde avança que houve uma morte no início deste ano.
Já não há novos casos de mpox (anteriormente conhecida como varíola-dos-macacos) desde 27 de Março deste ano, mas sabe-se agora que Portugal registou uma morte na sequência desta infecção viral em Janeiro. A informação avançada pelo Jornal de Notícias é dada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) no seu relatório mensal, de 30 de Maio, onde é confirmada a morte de um homem de 23 anos, positivo para o vírus da imunodeficiência humana (VIH) e que “apresentou um quadro raro de doença progressiva e disseminada” – do qual resultou a sua morte em Janeiro deste ano.
Desde Maio do ano passado, quando apareceram os primeiros casos de mpox no Reino Unido que o alerta para esta infecção aumentou. No final de Maio de 2022, Portugal chegou a ser o país com mais casos por milhão de habitantes em todo o mundo. Ao longo deste ano foram confirmados 953 casos confirmados de mpox em Portugal.
Nunca tinha sido confirmada qualquer morte em Portugal. O homem de 23 anos, com “imunossupressão avançada”, segundo a DGS, terá sido diagnosticado com mpox já em Setembro de 2022.
Em todo o mundo houve 141 mortes confirmadas devido a esta infecção, que se tornou um surto global entre Maio e Agosto de 2022, indica a DGS. A partir de Outubro, os casos tornaram-se esporádicos – em Portugal foram diagnosticados nove casos desde aí –, também motivada pela oferta de vacinação a pessoas que tenham maior risco de infecção ou de contacto com pessoas infectadas. Desde Julho do ano passado até ao início de Maio deste ano foram vacinadas 3554 pessoas, a maioria das quais antes de qualquer exposição ao vírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a 23 de Julho de 2022 o surto de mpox como uma emergência internacional de saúde pública – situação entretanto revertida. Ainda assim, mantém-se o alerta perante a redução mais lenta de casos na América do Sul e a ausência de diagnóstico e tratamento em África. Já no continente europeu, depois de um grande aumento até Setembro de 2022, o registo de novas infecções é residual. Desde Maio do ano passado, somaram-se mais de 87 mil casos de infecção com mpox, com mais de 98% dos casos identificados em países que não têm historicamente casos desta doença.
Em Fevereiro deste ano, Bernardo Mateiro Gomes, especialista em saúde pública, salientava que “vamos continuar a ter surtos de mpox”. O médico português destacava a necessidade de alterar a atitude perante estas doenças zoonóticas, doenças transmitidas através de animais: “Se não tivermos capacidade instalada nos países que têm maior probabilidade de circulação ou que tenham maior contacto com agentes que possam facilitar a passagem de vírus para seres humanos, vamos continuar a ser reactivos. Fica mais barato e é mais eficiente ter uma resposta local a desafios locais que se possam tornar globais”, defendeu em resposta ao PÚBLICO.