“Se pudéssemos mudar o 10 de Junho para 10 de Setembro era óptimo para a vindima”

Enólogo João Nicolau de Almeida alerta para grandes desafios do Douro e referiu-se à falta de mão-de-obra na região.

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João Nicolau de Almeida Manuel Roberto / Publico

O presidente da comissão organizadora do 10 de Junho chamou neste sábado a atenção para os "grandes desafios" do Douro, como a desertificação e a consequente falta de mão-de-obra para trabalhar a vinha.

"Senhor Presidente [da República], se pudéssemos mudar o 10 de Junho para 10 de Setembro, era óptimo para a vindima, tínhamos aqui gente que chegasse para a vindima", afirmou João Nicolau de Almeida no seu discurso nas cerimónias oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que atraíram muitas pessoas à cidade duriense.

O enólogo do Douro João Nicolau de Almeida foi a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão organizadora do 10 de Junho, que este ano decorrem em Peso da Régua, cidade do distrito de Vila Real.

Depois de se mostrar lisonjeado pela escolha do Presidente da República e de partilhar um agradecimento por o Douro ser o palco para as comemorações oficiais do Dia de Portugal, o responsável falou sobre a história da região, que é produtora do vinho do Porto e é Património Mundial da UNESCO desde 2001, e sobre as "pepitas de ouro" do território.

"Neste alucinante e veloz século XXI, temos em mãos vários desafios complexos para enfrentar. Começo por referir uma realidade nacional, não sendo o Douro uma excepção, que se trata da forte desertificação do interior, gerando falta de mão-de-obra e escassez de massa crítica", salientou.

Para atrair e fixar gente qualificada, o enólogo defendeu que "a oferta de trabalho deverá ser aliciante, sendo fundamental o aumento de valor da matéria-prima, ou seja, da uva, para gerar mais proveitos a montante e se poder oferecer melhores condições de trabalho".

Referiu ainda que "os produtores de uva, apesar das grandes transformações ocorridas, continuam a ser fundamentais para a dinâmica da região e manutenção do seu território" e, para manter esta realidade, disse que "é fundamental valorizar ainda mais o seu trabalho".

"Face à nossa dinâmica de produção, penso que seria urgente adaptar as leis à actualidade", frisou, defendendo que deveria ser delineado um "plano sustentado na ciência e investigação, ao serviço do desenvolvimento económico do sector e da região, que garanta a sustentabilidade da mesma".

Na sua opinião, sempre existiu um "problema crónico com fortes amarras ao passado que dificultou e evolução do Douro", referindo que um dos principais produtos exportadores do país — o vinho do Porto "tem estado totalmente dependente do Estado".

"Mas em pleno século XXI não faz sentido manter uma administração política e burocrática com leis que não se adequam à realidade. A região sabe cuidar de si. Não fechamos a porta ao futuro, ao progresso", afirmou.

João Nicolau de Almeida defendeu que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) tem um "papel fulcral para ajudar à realização deste projecto unificador" que junte todos os agentes envolvidos no Douro e em Gaia, como produtores, viticultores, municípios, associações, universidades e institutos.

As alterações climáticas foram também um tema do discurso do presidente da comissão organizadora do 10 de Junho, cuja celebração começou na segunda-feira na África do Sul e termina hoje na Régua.

A foto mais icónica das cerimónias do 10 de Junho foi captada em Paris, em 2016, quando Marcelo e Costa surgiram juntos no palco da Radio Alfa, numa festa da comunidade portuguesa, e evidenciaram uma união insólita Daniel Rocha
Noutro instante e visto de outro ângulo, é possível ver a marca do chapéu-de-chuva que albergou os dois políticos: "Fidelidade" Daniel Rocha
Nesse que foi também o ano da posse de Marcelo Rebelo de Sousa, as comemorações do 10 de Junho começaram no Terreiro do Paço Rui Gaudêncio
Em 2017, foi no Porto que se celebrou o Dia de Portugal. A seguir, a festa deslocou-se para o Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo Nelson Garrido
O Presidente da República acompanhado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, durante a visita à exposição que assinala os 500 anos do Foral Manuelino, na Casa do Infante, no decorrer das comemorações do 10 de Junho Estela Silva/Lusa
A meio das festividades do Dia de Portugal no Porto, e antes de seguir para o Brasil, Marcelo recebeu António Costa na Casa do Roseiral para a reunião semanal Nelson Garrido
Um ano depois, em 2018, Marcelo e Costa juntaram-se em Ponta Delgada, nos Açores, para assistir às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas António Araújo/Lusa
Ainda nos Açores, antes de seguir para os EUA para o resto dos festejos junto da comunidade portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa tomou um banho de mar Eduardo Costa/Lusa
Após o mergulho, o Presidente passeou por entre a população que estava, também ela, a aproveitar o dia ensolarado Eduardo Costa/Lusa
Um ano depois, em 2019, o Dia de Portugal mudou-se para Portalegre. Este é o momento em que o Presidente passa em revista às forças em parada, durante a cerimónia militar Nuno Veiga/Lusa
No mesmo ano, a cerimónia incluiu uma deslocação ao Mindelo, Cabo Verde. António Costa acompanhou o Presidente António Cotrim/Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa acompanhado pelo antigo jogador e campeão da Europa de futebol, Eliseu , dá o pontapé de saída de um jogo de futebol, durante as cerimónias comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Mindelo António Cotrim/Lusa
Com a pandemia, o 10 de Abril foi reduzido ao mínimo, no Mosteiro dos Jerónimos e com a distância adequada Rui Gaudêncio
O cardeal Tolentino Mendonça foi o presidente da comissão organizadora do Dia de Portugal em 2020, que não saiu da capital do país Rui Gaudêncio
O Funchal já queria ter recebido o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anos antes, mas aconteceu em 2021, quando o Dia de Portugal voltou a ser celebrado apenas em território nacional Homem Gouveia/Lusa
Marcelo e Costa à conversa cdurante as comemorações oficiais do Dia de Portugal na cidade do Funchal, na Madeira Tiago Petinga/Lusa
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Este ano, num encontro com estudantes de língua portuguesa, em Joanesburgo, Marcelo disse que Costa era um aluno brilhante que estudava pouco Tiago Petinga/Lusa
Já em 2023, no Peso da Régua, o Presidente tira uma selfie com uma família José Coelho/Lusa
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A foto mais icónica das cerimónias do 10 de Junho foi captada em Paris, em 2016, quando Marcelo e Costa surgiram juntos no palco da Radio Alfa, numa festa da comunidade portuguesa, e evidenciaram uma união insólita Daniel Rocha