Quinta de Monforte

Vinhão

Vinhos Verdes

14 por cento

15

92

Edgardo Pacheco

Quando António Pinto ganhou a Maratona de Londres, em 2000 (já pouca gente se lembra disso), almoçámos com o atleta em Amarante porque, além da admiração que temos por doidos que correm maratonas e pedalam centenas de quilómetros montanha acima montanha abaixo, era produtor e um apreciador valente de vinho Verde. No almoço num restaurante escavado numa rocha de granito bebemos bons Verdes brancos e – tinha que ser – um Vinhão daqueles que, por pouco, não atacou os dentes a alguém que não cresceu no Minho. Naquele dia jurámos que nunca mais metíamos semelhante coisa na boca. Isso foi há duas décadas. Agora, à passagem do tempo, é daquelas declarações que nos envergonha porque, de então para cá, produziram-se vinhos de Vinhão (Sousão no Douro) que nada têm a ver com aquele perfil de antanho. De resto, o último exemplar que produzimos é sofisticado e vem da Quinta de Monforte, em Penafiel, um projecto que merecerá no Terroir uma análise mais detalhada: o Quinta Monforte Vinhão 2022. Vinho intenso de cor, é certo, mas com notas florais (violetas) à mistura com a matriz vegetal. Na boca esse carácter vegetal nunca deixa de estar presente, mas sentimos frutos pretos, taninos mais suaves e estrutura, num registo, digamos assim, bem mais civilizado (que nos perdoem aqueles que são felizes a beber o Vinhão nas malgas pintalgadas pela matéria corante da casta). Um belo tinto da região dos Verdes.