Boris Johnson renuncia ao cargo de deputado

Ex-primeiro-ministro do Reino Unido, que deixa o Parlamento com efeito imediato, queixa-se de ter sido “obrigado a sair por um pequeno grupo de pessoas”.

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Boris Johnson alegou que não há provas contra si SEDAT SUNA/EPA

O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou esta sexta-feira que deixa o cargo de deputado, com efeito imediato, na sequência de um relatório sobre se tinha mentido ao garantir ao Parlamento que as regras impostas pelo seu Governo para a restrição da covid tinham sido respeitadas, quando houve festas em Downing Street.

“É muito triste deixar o Parlamento – pelo menos por agora”, declarou Boris Johnson num comunicado. “Estou a ser forçado a sair por um pequeno grupo de pessoas, sem quaisquer provas em apoio das suas alegações, e sem a aprovação sequer dos membros do partido conservador, quanto mais do eleitorado em geral.”

A questão está a ser analisada pelo Comité de Privilégios do Parlamento, de quem o ex-primeiro-ministro disse ter recebido uma comunicação. “Diziam, para meu grande espanto, que estão determinados a usar os procedimentos contra mim para me afastar do Parlamento”, alegou.

O comité poderia ter recomendado que Johnson fosse suspenso do Parlamento por mais de dez dias se concluísse que ele teria enganado o Parlamento de modo negligente ou deliberado.

O mandato de primeiro-ministro de Johnson foi interrompido em parte por ira do seu próprio partido e também por todo o país sobre as festas no seu gabinete e residência de Downing Street. Johnson é acusado de saber das festas e ter ainda assim garantido ao Parlamento que as regras de distanciamento e isolamento tinham sido cumpridas.

Johnson acusou o Comité de não ser neutro, dizendo que “a maioria dos membros do Comité já tinham feito comentários profundamente prejudiciais sobre a minha culpa antes de terem sequer visto as provas”.

“Olhando para trás, fui ingénuo em pensar que este processo poderia ser remotamente útil ou justo”.

Johnson usou ainda a sua declaração para atacar o actual primeiro-ministro, o também conservador Rishi Sunak. “Quando deixei o cargo no ano passado, o Governo estava apenas atrás uma meia dúzia de pontos nas sondagens. Esse fosso aumentou muito.”