Reino Unido abre caminho à descida da taxa sobre lucros do petróleo

Governo de Rishi Sunak introduz medida para fazer cair tributação da produção de petróleo no mar do Norte, mas diz que só deverá ser activada em 2028.

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Governo britânico alega que é preciso proteger os 250 mil empregos suportados na produção de petróleo Reuters/HANNAH MCKAY
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As autoridades britânicas estão preocupadas com a possibilidade de as grandes petrolíferas recuarem nos investimentos de exploração de crude e gás no mar do Norte devido à aplicação da taxa sobre os lucros excessivos, criada no pico da crise para ajudar as despesas crescentes das famílias com as facturas de energia.

O Governo do Reino Unido anunciou esta sexta-feira que introduziu um limite mínimo de preço do gás e do petróleo a partir do qual a taxa de 35% sobre os chamados lucros excessivos deixará de incidir nos ganhos das empresas, levando a tributação sobre a produção petrolífera para os níveis pré-crise, ou seja, para uma taxa marginal de 40% e não de 75%, como existe agora.

Segundo um comunicado divulgado pelo Governo de Rishi Sunak, a medida destina-se a “proporcionar certeza regulatória aos investidores, para assegurar o futuro da produção nacional de energia no longo prazo”, mas o novo limite de preço não deverá ser accionado antes de Março de 2028, que é quando termina a aplicação da chamada taxa sobre os lucros excessivos, ou windfall profits, na designação em inglês.

O Financial Times noticia na edição desta sexta-feira que esta espécie de válvula de escape para o sector petrolífero se seguiu a meses de lobbying das grandes empresas, que argumentaram que o nível de taxação impedia a concretização dos planos de investimento. Entre elas, a petrolífera estatal norueguesa Equinor, que pôs em causa a concretização do maior projecto no mar do Norte, o campo de petróleo e gás Rosebank, a 130 quilómetros a oeste das ilhas Shetland.

O comunicado divulgado na página oficial do executivo de Sunak reconhece que “a indústria já avisou que as companhias [petrolíferas] estão a cortar o investimento” e que isso pode pôr em causa os cerca de 250 mil empregos que dependem do sector no Reino Unido.

Com este novo “mecanismo de segurança do investimento”, a tributação sobre a produção de petróleo e gás cairá para 40% (abaixo dos 75% resultantes da aplicação da taxa sobre os lucros excessivos) quando os preços recuarem abaixo de valores calculados com base na média histórica dos últimos 20 anos, explica o executivo britânico.

Para o petróleo, esse patamar ficou definido nas 71,4 libras (83 euros) e para o gás nas 0,54 libras (0,62 euros) por cada unidade calorífica (therm).

Se os preços médios do petróleo e do gás somarem dois trimestres consecutivos abaixo desses valores, a taxa de imposto sobre a produção cairá automaticamente para todas as empresas que se dedicam à extracção de petróleo e gás nas águas britânicas do mar do Norte.

“A última vez que os preços médios mensais estiveram abaixo destes valores foi em Março de 2021 para o gás e Agosto de 2021 para o petróleo”, refere o Governo britânico, que cita previsões independentes para explicar que o “mecanismo de segurança do investimento em energia não será activado” até Março de 2028, quando se prevê que expire a taxa sobre os windfall profits.

Até à data, lê-se no comunicado do executivo, a taxa sobre os lucros excessivos já garantiu 2,8 mil milhões de libras (3,2 mil milhões de euros), que “ajudaram o Governo a pagar perto de metade das despesas com energia das famílias no Inverno passado”. Até Março de 2028, espera-se que a receita arrecadada seja de 26 mil milhões de libras (30 mil milhões de euros) e que continue a contribuir para financiar medidas relacionadas com o aumento do custo de vida.

A taxa sobre os lucros excessivos foi introduzida em Maio do ano passado (quando Rishi Sunak, ainda era ministro das Finanças do ex-primeiro ministro Boris Johnson) perante os alertas do regulador da energia britânico para o risco de pobreza energética em que se encontravam 12 milhões de famílias, obrigadas a canalizar mais de 10% do seu rendimento para as despesas com electricidade e aquecimento.

A taxa começou por ser de 25% sobre os lucros considerados excessivos – ou seja, lucros inflacionados pela volatilidade dos preços nos mercados internacionais, provocada em larga medida por factores geopolíticos, como a agressão russa à Ucrânia –, elevando a taxa total de imposto das petrolíferas para 65%.

Mais tarde, com o agravamento da crise energética e perante as notícias dos lucros recordes de gigantes com a BP e a Shell, a taxa subiu para 35%, elevando a tributação da produção petrolífera para 75%.

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