Cientistas do Porto testam nanopartículas de ouro para tratar cancro

Investigação da Universidade do Porto quer aumentar a capacidade dos tratamentos com radioterapia e fototerapia através da utilização de nanopartículas de ouro. Os primeiros estudos já estão em curso.

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As nanopartículas de ouro podem tornar os tratamentos oncológicos menos invasivos Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Cientistas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto estão a produzir, optimizar e testar nanopartículas de ouro com potencial no tratamento de cancro, ao serem utilizadas no reforço da fototerapia e radioterapia.

A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto esclarece, em comunicado, que os cientistas do Instituto de Física de Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica vão usar nanopartículas de ouro para reforçar a fototerapia e radioterapia. O objectivo da equipa nortenha é desenvolver tratamentos menos invasivos, com menos efeitos secundários e que não afectem as células saudáveis.

João Horta Belo, investigador que participa neste trabalho, esclarece que estas nanopartículas são “biocompatíveis e agentes fototérmicos”​, isto é, são capazes de gerar calor devido à absorção da radiação electromagnética e “causar a morte das células cancerígenas por hipertermia”, refere em comunicado.

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João Horta Belo, Sara Freitas e Célia Sousa são os três investigadores responsáveis por este projecto Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

“Para além disso, são radiossensíveis e, no nosso corpo, funcionam como nanoantenas, multiplicando o sinal da radiação do tipo raios X”, salienta. Para já, o objectivo dos investigadores é explorar o potencial destas nanopartículas na fototerapia, tendo já iniciado um estudo com laser contínuo.

“As nanopartículas podem ter diferentes formas – esféricas, em fio ou estrela – que absorvem a luz em diferentes comprimentos de onda. Podemos controlar a morfologia destas nanopartículas de forma a absorverem mais luz próxima da região do infravermelho, para que mais energia passe da pele até às nanopartículas. Quanto maior for a energia absorvida por estas nanopartículas, maior o calor que vão libertar para eliminarem as células tumorais”, acrescenta João Horta Belo.

A investigação permitiu assim demonstrar que é possível optimizar as condições experimentais de forma que as nanopartículas absorvam o máximo de energia, produzam mais calor, aquecendo e eliminando as células cancerosas.

O trabalho insere-se num estudo mais amplo assente no uso das nanotecnologias para o diagnóstico e detecção do cancro e que originou colaborações entre a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a Fundação Champalimaud (em Lisboa) e o Hospital Universitário Gregorio Marañón (em Madrid, Espanha).