Coligação PAI–Terra Ranka vence legislativas na Guiné-Bissau com maioria absoluta

Resultados provisórios foram anunciados esta quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições. Coligação liderada por Domingos Simões Pereira obteve 54 dos 102 deputados do parlamento.

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Domingos Simões Pereira, líder da coligação PAI – Terra Ranka EPA/ANDRE KOSTERS

A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)–Terra Ranka venceu as legislativas da Guiné-Bissau com maioria absoluta, obtendo 54 dos 102 deputados do parlamento, segundo os resultados provisórios anunciados esta quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A coligação PAI–Terra Ranka é liderada por Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu sem maioria as legislativas de 2019 com 47 deputados, e inclui também a União para a Mudança, o Partido da Convergência Democrática, o Movimento Democrático Guineense e o Partido Social-Democrata.

“A Guiné-Bissau ganhou”, disse Domingos Simões Pereira, pedindo respeito por todos os que “contribuíram para produzir os resultados”.

“A nossa mensagem vai ser muito curta e vai ser muito simples. Acabam de ser proclamados os resultados das eleições legislativas realizadas no dia 4 de Junho e os resultados é de que a Guiné-Bissau ganhou”, disse o líder da coligação vencedora.

“Como a Guiné-Bissau ganhou e como a plataforma PAI-Terra Ranka sempre prometeu, nós temos responsabilidades e celebramos sim, comemoramos sim, mas vamos respeitar todos os filhos da Guiné, que contribuíram para produzir esses resultados”, pediu aos apoiantes o também líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Na sua curta declaração, Domingos Simões Pereira disse também que começou a ser construída a “esperança num novo dia”.

Os resultados provisórios indicam também que o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), liderado por Braima Camará, obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019.

Em terceiro lugar ficou o Partido de Renovação Social (PRS) com 12 deputados, uma grande descida em relação aos resultados das últimas legislativas, quando obteve 21 assentos.

O Madem-G15 e o PRS faziam parte do Governo guineense desde 2020, depois de o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, ter demitido o primeiro-ministro Aristides Gomes, que liderava o executivo do PAIGC.

O Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, e liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

Nas legislativas de 2019, Botche Candé foi eleito deputado pelo PRS e assumiu as pastas do Interior e da Agricultura no Governo, que agora cessa funções.

O grande derrotado das eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.

Quase 900 mil eleitores guineenses foram chamados às urnas no domingo passado para escolher os novos 102 deputados da Assembleia Nacional Popular, de onde sairá a formação do próximo Governo, depois de o Presidente guineense ter dissolvido o parlamento em Maio de 2022.

Durante a campanha eleitoral, Umaro Sissoco Embaló reiterou, em declarações à imprensa, que não nomeará Domingos Simões Pereira primeiro-ministro, nem o vice-presidente do PAIGC, Geraldo Martins.

Mas, ontem, voltou atrás na sua decisão. “Eu sei o que disse, mas um político tem de recuar pelo bem-estar da nação”, afirmou o chefe de Estado, numa mensagem à Nação, no Palácio da Presidência, em Bissau.

A coligação PAI–Terra Ranka reivindicou na terça-feira, em conferência de imprensa, a maioria absoluta nas legislativas de domingo, enquanto o PRS, numa outra conferência de imprensa, disse que todos os partidos políticos conheciam os resultados das legislativas.

O PRS afirmou também que esperava que a CNE se pronunciasse de acordo com a “vontade expressa pelo povo nas urnas”.

O Madem-G15, igualmente em conferência de imprensa na terça-feira, lamentou as “especulações demagógicas sobre os resultados eleitorais” para “abrir brechas à tensão política” e pôr em causa o processo eleitoral.

As várias missões internacionais de observadores eleitorais que acompanham o processo eleitoral consideraram na terça-feira que as eleições de domingo decorreram de forma pacífica e ordeira e foram bastante participadas.