Palcos da semana: Primavera, Adam, Swans, Suécia e marionetas

O décimo Primavera Sound e o aguardado regresso de Michael Gira fazem as honras musicais. Nas tábuas, estreiam-se Suécia e Adam. Évora é palco para toda a marioneta.

p2,marionetas,lazer,teatro,culturaipsilon,musica,
Fotogaleria
Rosalía volta a ser cabeça-de-cartaz do Primavera Sound Nélson Garrido
,Suécia
Fotogaleria
Suécia é escrita por Pedro Mexia e encenada por Nuno Cardoso João Tuna
OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Fotogaleria
Os Swans mostram novo álbum e celebram 40 anos em três datas Jennifer Gira
p2,marionetas,lazer,teatro,culturaipsilon,musica,
Fotogaleria
Adam, uma jornada de transição, pelos Artistas Unidos Jorge Gonçalves
p2,marionetas,lazer,teatro,culturaipsilon,musica,
Fotogaleria
The Parachute, de Stephen Mottram, integra a comitiva da BIME - Bienal Internacional de Marionetas de Évora Fisher Studios
Ouça este artigo
--:--
--:--

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Primavera aumentada

Cresce o recinto, aumenta a capacidade (para mais dez mil pessoas por dia), sobe o número de dias (de três para quatro) e estica-se também o cartaz. Tudo é maior no ano da décima edição do Primavera Sound portuense. Musicalmente, a expectativa também é enorme.

Vêm aí um Kendrick Lamar em estado de graça com o álbum Mr. Morale & the Big Steppers debaixo do braço, um furacão chamado Rosalía, uns Pet Shop Boys armados da mais colorida, irónica e romantizada dance-pop, uns Blur em vésperas de lançarem The Ballad of Darren (primeiro disco de estúdio em oito anos), uns históricos New Order a resgatarem as memórias da “Madchester” e a instituição punk-rock (passe a contradição) que são os Bad Religion, entre muitos, muitos outros.

Mexia à Suécia

Pedro Mexia, que já tinha escrito a peça Nada de Dois e o libreto da Canção do Bandido, faz-se agora dramaturgo a convite do Teatro Nacional São João, com um texto sobre (a ideia de) um país escandinavo que o fascina.

A sua Suécia vai ao Verão de 1976 cruzar um contexto de viragem política com relações familiares contaminadas pelas ideologias. É um lugar “onde se discute sobre a ideia de futuro, o fim das ilusões, as boas intenções” e “onde as linhas de fronteira entre o público e o privado, o político e o íntimo se tornam indistintas”, assinala a folha de sala.

A encenação está entregue a Nuno Cardoso. António Fonseca, Joana Carvalho, Jorge Mota, Lisa Reis, Patrícia Queirós, Paulo Freixinho e Pedro Frias dão vida às personagens. Da música trata Peixe (Ornatos Violeta, Miramar).

Fim de espera

Aos fãs portugueses dos Swans, a pandemia trouxe uma amargura extra: o adiamento do reencontro com a banda de Michael Gira. Estava programado para Maio de 2020 e era particularmente aguardado: a formação tinha sido renovada e o álbum Leaving Meaning pedia atenção. Agora, a espera não só acaba como compensa.

Os norte-americanos vêm dar três concertos, prometem fazer um apanhado de 40 anos contados desde um tal de Filth (título seminal do rock experimental) e ainda estão em condições de oferecer um vislumbre do novo disco que estão prestes a lançar, The Beggar.

Adam em transição

Identidade, transição, fronteiras. E também dor, dúvida, (des)esperança. É nestas coordenadas que se move Adam, a peça que Frances Poet assinou e que os Artistas Unidos se preparam para estrear.

O que se faz quando se é transgénero num país onde isso pode significar a morte? Adam Kashmiry nasceu no Egipto e rumou ao Reino Unido, aos 19 anos, apenas para poder existir. Foi um “asilado pendente”, com pouco ou nada no bolso, sem ligações nem lar, até ver a sua sorte virar.

Foi a sua jornada real que inspirou Poet a escrever a peça. E foi o próprio Kashmiry, hoje activista e actor, quem a protagonizou primeiro. Na versão encenada por Andreia Bento e Nuno Gonçalo Rodrigues, cabe a Eduarda Arryaga e Tomás de Almeida darem corpo à história.

Invasão à mão

Os Gigabombos do Imaginário preparam-se para o cortejo que abre alas à BIME - Bienal Internacional de Marionetas de Évora. Das Portas de Moura à Praça do Giraldo, passando por largos, jardins, o Palácio D. Manuel ou o Teatro Garcia de Resende (e este ano, também Arraiolos e Reguengos de Monsaraz), não há canto que escape à invasão.

Ora assume formas tradicionais como os locais Bonecos de Santo Aleixo, ora expressões modernas e interdisciplinares como The Parachute, de Stephen Mottram. Também por lá anda a inesperada conversão da morte em comédia pelo coveiro viajante El Bechin. Ou a experiência poético-temporal em torno de Mayakovsky, pelo Teatro de Ferro e o Teatro de Marionetas do Porto.

A comitiva, composta por 27 companhias de uma dezena de países, desdobra-se por 16 espaços da cidade, num total que ultrapassa as 90 actuações. Uma exposição e um seminário completam o programa da 16.ª edição da bienal.

Sugerir correcção
Comentar