Barricadas, acrobatas, Bach e Rui Reininho: o Serralves em Festa está de volta

A maratona de 50 horas de actividade cultural non stop prossegue na fundação portuense até às 22h de domingo.

Serralves em Festa.
UNE PARTIE DE SOL_JOAO PAULO SANTOS/CIA.O_ULTIMO MOMENTO
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Equilibrado no mastro chinês, João Paulo Santos foi uma das atracções do arranque do Serralves em Festa 2023 José Sérgio
Serralves em festa.
THE GOLDBERG VARIATIONS_PLATFORM-K/MICHIEL VANDEVELDE & PHILIPPE THURIOT
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The Goldberg Variations é um espectáculo para três bailarinos, um dos quais portador de síndrome de Down José Sérgio
Serralves em festa.
RUI REININHO
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Rui Reininho trouxe o seu último álbum a solo ao Serralves em Festa José Sérgio
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O prado de Serralves compôs-se para ver Rui Reininho José Sérgio
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Os concertos ocupam as madrugadas do Serralves em Festa José Sérgio
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Dos mais velhos aos mais jovens, em grupo ou sozinhos, centenas de espectadores foram preenchendo os múltiplos espaços da Fundação de Serralves, no Porto, numa noite de sexta-feira que ameaçava chuva. Depois de quatro anos de ausência, o Serralves em Festa, maratona de 50 horas ininterruptas de actividades culturais gratuitas que se tornou um clássico do primeiro fim-de-semana de Junho na cidade, cumpriu o seu regresso. E as primeiras dessas 50 horas, entre números de circo, espectáculos de dança e um concerto de Rui Reininho, foram sobretudo animadas pelas artes performativas.

Dos frequentadores habituais do parque ou do museu aos que acorreram a Serralves movidos pela curiosidade e pela entrada gratuita, passando pelos turistas em trânsito pela cidade, muitos foram os que se apressaram a ir espreitar o evento que decorre até às 22h deste domingo. Na última edição do Serralves em Festa, realizada em 2019, terão sido mais de 250 mil os espectadores presentes.

Mariana Chiari, de 37 anos, aproveitou esta edição para ir pela primeira vez ao evento. Acompanhada de marido e filha, ficou surpreendida perante as várias opções de actividades disponíveis, que, disse ao PÚBLICO, lhe pareceram "uma óptima forma de comemorar o início do verão". Já Paulo Cruz, de 51 anos, que frequenta habitualmente o museu e os seus eventos, sublinha que o Serralves em Festa é uma oportunidade de ver coisas novas, com a vantagem de “nunca se saber o que se vai encontrar".

Uma das primeiras actividades da noite de sexta-feira foi o espectáculo de circo contemporâneo Une Partie de Soi. Solitariamente empoleirado num mastro chinês, o performer João Paulo Santos compôs um quadro minimalista e intimista que contrastava com a multidão em seu redor no Parterre Central do parque.

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João Paulo Santos e o seu mastro chinês no parterre central do Parque de Serralves José Sérgio

Ali perto, na Casa de Serralves, um assobiar deu o início à Barricada, do coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin. Um dos espectáculos mais aguardados da noite, levou a audiência a pensar a proximidade e a união como estratégias de defesa e ferramentas de posicionamento político. O público deu por si a rodear os intérpretes da Companhia Instável chamados a dar vida à peça, prestando atenção ao cordão humano que estes formaram e aos seus constantes vínculos e desconexões.

Barricada, de Marcelo Evelin,Barricada, de Marcelo Evelin José Sérgio,José Sérgio
Barricada, de Marcelo Evelin José Sérgio
Barricada, de Marcelo Evelin José Sérgio
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Barricada, de Marcelo Evelin,Barricada, de Marcelo Evelin José Sérgio,José Sérgio

A dança foi aliás um dos pontos altos da noite. O espectáculo The Goldberg Variations, que junta o coreógrafo belga Michiel Vandevelde à produtora Platform-K e ao acordeonista Philippe Thuriot, foi interpretado por três bailarinos, um dos quais portador de síndrome de Down. A proposta, que levou uma plateia inteira a viajar pelos últimos 40 anos de história da dança contemporânea, traz implícita uma reflexão sobre questões de representatividade, entendendo o palco como um lugar para todos e para todos os corpos.

A caminho da madrugada, o enorme prado de Serralves animou-se com o provocador Rui Reininho. O vocalista dos GNR trouxe consigo o álbum a solo 20,000 Éguas Submarinas, de 2021. De copo na mão (ou não), sentados ou de pé, os espectadores foram-se espalhando pelo recinto para aproveitar o momento.

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Rui Reininho no palco grande do Serralves em Festa José Sérgio

A maratona continua

O Serralves em Festa prossegue este fim-de-semana, com mais dois dias recheados de actividades, da música ao teatro, da dança ao cinema, do novo circo às artes visuais.

Peças como Galochas, de Martina Griewank, A Cereja de Alberto, de Isabel Fernandes Pinto e Joaquim Pavão, ou Gnoma, de Pea Green Boat, são alguns dos destaques de teatro. Na Casa Manoel de Oliveira, por seu turno, serão exibidos filmes como Aniki-Bóbó, Porto da Minha Infância ou Visita ou Memórias e Confissões.

O circo marca presença com espectáculos como Chá das Cinco - Peça para quatro amigas mais uma que nunca chega, do grupo Coração nas Mãos, FIQ! (Réveille-toi!), do Grupo Acrobático de Tânger, ou Approach 18/Stairs/Olivier/Touch. The Unreachable Suspension Point, de Yoann Bourgeois.

A transição de sábado para domingo será, como habitualmente, dominada pela música, com concertos de Prétu, Waqwaq Kingdom, 808 State com Michael England, e Elite Athlete B2B André Tejo. Rock, electrónica e jazz continuarão, domingo fora, a revezar-se nos múltiplos palcos deste Serralves em Festa 2023.

Texto editado por Inês Nadais

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