Murça em festa para se afirmar como capital dos grandes brancos do Douro

Feira-mostra Vinhos Brancos na Praça decorre a 2 e 3 de Junho na vila duriense, e quer mostrar ao mundo o primeiro azeite de fusão com o cacau.

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Evento Vinhos Brancos na Praça decorre a 2 e 3 de Junho em Murça
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De entre os grandes vinhos brancos do Douro, a grande maioria é feita com uvas brancas produzidas em Murça há, pelo menos, 50 anos. A vila duriense quer também por isso fixar-se como a capital dos brancos do Douro. Para isso, a autarquia, em parceria com várias entidades locais e produtores, organiza, entre sexta-feira e sábado, a primeira festa-mostra Vinhos Brancos na Praça, que decorrerá ao ar livre, em pleno centro histórico e com ligação directa ao comércio local. Há de tudo, até grandes vinhos a preço de produtor.

Desde há mais de meio século, quando o malogrado José António Rosas, figura lendária do Douro, começou a comprar uvas no concelho para a elaboração de vinhos do Porto brancos pela companhia Ramos Pinto, a região de Murça tornou-se sinónimo de qualidade e valorização de vinhos e marcas, sendo actualmente produtora de castas de excelência para alguns dos mais reputados brancos do Douro.

Nos últimos 20 anos, muitos produtores seguiram as pisadas de José António Rosas e, igualmente com grande sucesso, começaram a fazer vinhos com uvas compradas localmente, como destaca a organização do evento, a cargo da Câmara Municipal de Murça em parceria com empresas que trabalham o vinho no concelho.

Entre os vinhos de ponta saídos de uvas produzidas localmente, há alguns emblemáticos como o Quinta de Porrais, da Casa Santos Lima, os CV e VZ, da Van Zellers & Co, o Guru, da Wine & Soul, o Redoma, da Niepoort, bem como alguns vinhos da Quinta do Vallado, da Quinta Vale Dona Maria e da Quinta Maria Izabel.

“Murça tem todas as condições para se afirmar como a capital dos vinhos brancos do Douro. Abrir novos horizontes ao Alto Douro vinhateiro passa também por dar a conhecer ao mundo o que este território ímpar produz de melhor, o que, no caso de Murça, é a qualidade das suas uvas, em especial as uvas brancas, que dão origem a vinhos distintos e cheios de carácter”, assume Mário Artur, presidente da autarquia, que baseia a opinião na natureza dos solos, na localização dos terrenos e no trabalho de gerações de viticultores no desenvolvimento da cultura da vinha e na adaptação das melhores castas ao território.

A festa-mostra Vinhos Brancos na Praça é um evento integrado na Cidade Europeia do Vinho – Douro 2023 e realiza-se em paralelo com a tradicional Feira Franca de Murça. Durante dois dias, a festa dos vinhos brancos e do comércio tradicional local dará oportunidade para participar em provas, eventos culturais e animações vínicas, bem como comprar vinhos a preços de produtor. O evento proporciona também uma celebração da gastronomia local, com sabores e petiscos, mas também outras artes da terra, como o artesanato e outros produtos.

A possibilidade de comprar grandes vinhos brancos com ligação a Murça junto do produtor, a preços especiais, é outra atracção neste primeiro fim-de-semana de Junho. Entre os produtores de Murça estarão as Caves de Murça, a Quinta de Porrais (Casa Santos Lima), Águia Moura, Monte de S. Sebastião, Seis Tornas, Casa Agrícola Borges, Casa Boal, Bichoso Winemakers, Quinta do Cabeceiro, João Bessa e a Casa Castro Malheiro. A Festa Brancos na Praça conta também com produtores convidados, entre os quais a Quinta do Crasto, a Rozès e os vinhos Mapa.

A gastronomia local, outro dos pilares de promoção da região, será reforçada pela presença de vários restaurantes e cozinhas locais e de produtores de azeite, de enchidos, de queijo e de doces típicos, como o toucinho-do-céu e as queijadas de chila.

Um ponto alto da festa será o lançamento da mais recente inovação da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça, um azeite com cacau, apresentado como o primeiro do mundo elaborado a partir da fusão de azeitonas com cacau, no caso, cacau biológico da Roça Diogo Vaz, de São Tomé e Príncipe. Um produto que é também uma homenagem ao Marquês de Valle Flor, natural de Murça, que no século XIX foi o maior produtor de cacau do mundo a partir São Tomé.

Tratando-se de vinho, outro momento que captará atenção é a prova de vinhos. E são duas: no dia 3, sábado, há uma prova de Grandes Vinhos Brancos do Mundo, que inclui também vinhos brancos com origem em Murça, e outra de Grandes Vinhos Brancos do Douro, coordenada pelos críticos João Paulo Martins (Expresso, revista Grandes Escolhas) e Pedro Garcias (do Público).

João Paulo Martins e Pedro Garcias vão liderar também o momento Conversa na Praça, dedicado ao tema “Murça e a originalidade dos seus vinhos brancos”, com a presença de diversos produtores, entre os quais António Filipe (Symington), Cristiano Van Zeller (Van Zellers & Co), Sandra Tavares da Silva (Wine & Soul), José Luís Oliveira da Silva (Casa Santos Lima), José Manuel Sousa Soares (Gran Cruz) e Luís Pedro Cândido (Niepoort).

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