Esforço colectivo de Altmaier prolonga sina de Sinner
O italiano voltou a ser eliminado num torneio do Grand Slam num quinto set.
Grita “allez” para se auto-incentivar durante os encontros e adora pescar, mas é alemão e o seu piso preferido é a terra… batida. Daniel Altmaier já tinha sido notícia no Torneio de Roland-Garros há três anos, quando venceu o então número oito do ranking, Matteo Berrettini. Esta quinta-feira, voltou a “pescar” mais um top 10 italiano em Paris, Jannik Sinner, que, nos majors, continua a claudicar em quintos sets realizados.
A proeza de Altmaier teve ainda maior relevo por ter acontecido no mais longo encontro desta edição e no quinto mais longo do torneio: cinco horas e 26 minutos. “Não sei se lhe podem chamar um encontro histórico, mas penso que é um para recordar”, disse ainda no court, depois de reprimir as lágrimas da emoção de ganhar um encontro em que esteve, várias vezes, perto de o ver escapar, mas que acabou por ganhar, por 7-6 (7/0), 7-6 (9/7), 6-1, 7-6 (7/4) e 7-5
Quando Sinner venceu o terceiro set em menos de meia-hora, muitos pensaram que a maior experiência em torneios deste nível do italiano fizesse a diferença, mas logo na partida seguinte, foi o alemão, 79.º mundial, a revelar uma resiliência mental enorme. Depois de deixar escapar a vantagem de um break e ter feito o 4-3 num longo jogo de 20 pontos, Altmaier acabaria por ceder um break, que parecia fatal. Mas Sinner, a servir a 5-4, não aproveitou dois match-points – um deles salvo com um passing-shot de Altmaier, que bateu na parte de cima de rede e traiu o italiano.
No quinto set, a história foi semelhante: Altmaier foi o primeiro a quebrar o adversário, mas quando serviu a 5-4, para terminar o encontro, ficou à distância de dois pontos da vitória. Uma dupla-falta de Sinner abriu caminho para mais um break e, na segunda vez em que serviu para fechar, a 6-5, foi preciso anular três break-points e recuperar de quatro match-points desperdiçados, antes de concluir com o seu nono ás.
“Nos últimos meses, eu e a minha equipa esforçámo-nos muito, todos juntos. Atrás de mim tenho uma forte equipa e é por isso, que esta vitória é um esforço colectivo”, frisou Altmaier, que é treinado pelo ex-top 10 argentino Alberto Mancini.
Altmaier cresceu a jogar em terra batida, na Alemanha, e idolatrando Roger Federer e Stan Wawrinka, ambos com uma esquerda a uma mão – e imitou o último, que costuma motivar-se com “allez Stan!”. Dos sete títulos que já conquistou no Challenger Tour, seis foram em terra batida e o último foi em meados de Abril, no ATP 125 de Sarasota. Logo a seguir, estreou-se nuns quartos-de-final de um Masters 1000, em Madrid, e esteve ainda em duas meias-finais nos ATP 250 de Umag e Kitzbuhel (ambas em 2021) sempre em terra batida.
Antes de poder pensar em repetir a presença nos oitavos de Roland-Garos, de 2020, Altmaier tem de travar um duelo de esquerdas a uma mão com Grigor Dimitrov (29.º) na terceira ronda.
Já Sinner terá que livrar-se da sina dos “cinco sets” que o tem assobrado nos derradeiros torneios do Grand Slam: no ano passado, perdeu em Wimbledon com Novak Djokovic, depois de ganhar os dois sets iniciais e, no US Open, igualmente nos quartos-de-final, perdeu um intenso duelo com Carlos Alcaraz; este ano, foi afastado nos “oitavos do Open da Austrália, por Stefanos Tsitsipas.
Em frente, seguiu igualmente Thiago Seyboth Wild (172.º). O tenista brasileiro boa sequência a outra vitória épica desta semana, sobre Daniil Medvedev (2.º), e derrotou o argentino Guido Pella (423.º), por 6-3, 3-6, 6-4 e 6-3.