José Eduardo Martins contesta inquérito interno do PSD ao processo Tutti Frutti

O antigo secetário de Estado defendeu também que políticos constituídos arguidos em casos relacionados com a actividade política devem ou demitir-se ou ser afastados pelos partidos.

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"Isto não é um espectáculo de justiça", disse o antigo secretário de Estado Francisco Romao Pereira
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José Eduardo Martins, antigo secretário de Estado do PSD e ex-candidato à Assembleia Municipal de Lisboa, desacreditou a “sindicância” interna que o PSD fará relativamente às eleições autárquicas de 2017. “Ninguém é juiz em causa própria”, afirmou.

No programa Explicador, da Rádio Observador, o também antigo deputado notou que é a “justiça” quem deve tirar “conclusões”, não o PSD. “Sou advogado, acredito na justiça com partes diferenciadas, com contraditório e com juiz. Como diz o povo, e bem, ninguém é juiz em causa própria”, começou por dizer.

“Mal seria se o PSD, no âmbito de uma investigação interna concluísse por metade das coisas que temos visto na comunicação social. São conclusões que têm de ser da justiça e não internas do PSD”, completou.

Martins admitiu também que é “testemunha” formal no processo Tutti Frutti (foi ouvido há cerca de um ano, a propósito de ter sido “putativo candidato a presidente da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa”), lançou uma farpa a Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela investigado no mesmo processo, e não poupou nas críticas à justiça.

“Independentemente da brutalidade da prova, de serem escutas autorizadas e por aí fora, isto não é um espectáculo de justiça. Os suspeitos andarem de braço no ar a pedir para serem constituídos arguidos [fê-lo Newton] não me parece muito assisado”, disse, antes de se virar para a justiça.

“Vendo de fora esta ideia — parece que a tese do Ministério Público é a de que há combinação entre os dois partidos e que (…) apanham as personagens menores de um —, cheira àquilo dos megaprocessos que nunca dão em nada”, começou por dizer. “Por causa destas e de outras coisas de quereremos juntar tudo no mesmo processo é que metade dos crimes do engenheiro Sócrates já está a prescrever”, terminou.

Por fim, José Eduardo Martins defendeu também que políticos constituídos arguidos em casos relacionados com a actividade política devem demitir-se ou ser afastados pelos partidos.

Em 2017 — ano em que supostamente se deram as combinações que levaram à abertura do processo Tutti Frutti —, Martins contava, em entrevista ao Observador, que quando se preparava para ser votado como líder da bancada da assembleia municipal, Newton entrou na sala com uma outra lista aprovada pela direcção distrital. Classificou-o, na altura, como um “golpezito de aparelho” que contribuiu para a “miséria” da “irrelevância” do resultado de então (16%, em que a candidata do PSD era Teresa Leal Coelho).

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