Grupo Fortera anuncia saída do CEO, por causa da Operação Babel

Empresário foi detido e libertado, ficando obrigado ao pagamento de uma caução de um milhão de euros e da entrega do passaporte.

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Elad Dror foi um dos detidos na Operação Babel que envolve a Câmara Municipal de Gaia MARTIN HENRIK
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O fundador e CEO do Grupo Fortera, Elad Dror, vai “renunciar ao cargo com efeitos imediatos e de forma voluntária”, depois de ter sido detido no âmbito da Operação Babel, que investiga uma alegada teia de corrupção ligada ao Urbanismo e que levou também à detenção, entre outros, do vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo, entretanto já substituído no cargo.

O comunicado da empresa responsável pelo projecto Skyline e o Centro de Congressos em Gaia, que estão no centro da investigação, surge mais de uma semana depois da operação que levou à detenção de sete pessoas, incluindo, além dos já referidos, o empresário Paulo Malafaia, também visado na Operação Vórtex, um advogado, um funcionário da Direcção Regional de Cultura do Norte (organismo que tem de dar parecer sobre alguns dos projectos urbanísticos sob investigação), um funcionário da área do Urbanismo da Câmara do Porto e um ex-colega deste. Após terem sido ouvidos, só Patrocínio Azevedo e Paulo Malafaia, sócio de Elad Dror em alguns projectos, ficaram em prisão preventiva.

Já o empresário de origem israelita, mas que tem a nacionalidade portuguesa desde 2020, foi libertado com a obrigação de pagar, no prazo de 30 dias, uma caução de um milhão de euros e de entregar o passaporte – o que já disse que irá cumprir.

O advogado, suspeito de servir de intermediário na entrega de supostos subornos ao então vice-presidente da Câmara de Gaia, que poderão ter ascendido aos 120 mil euros, ficou em prisão preventiva, enquanto o funcionário da DRCN foi obrigado a suspender funções. Os outros dois suspeitos saíram em liberdade, mas ficaram sujeitos ao pagamento de uma caução, entre outras restrições.

No comunicado emitido esta quarta-feira, o Grupo Fortera indica que Elad Dror já tinha declarado ao juiz que o inquiriu, após a detenção, que iria renunciar ao cargo que exercia, “permitindo que a empresa possa continuar a sua actividade sem quaisquer interferências do e no processo em curso”. A empresa refere ainda que espera que este “termine sem mais acusações”. O novo CEO, acrescenta, “será anunciado na próxima semana”.

No dia das detenções, a Polícia Judiciária (PJ) informou que no âmbito da Operação Babel tinham sido constituídos 12 arguidos e detidas sete pessoas, indiciadas pela prática dos crimes de recebimento ou oferta indevida de vantagem, corrupção activa e passiva, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.

No centro da investigação, indicava ainda a PJ, estava a suposta “viciação de normas e instruções de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projectos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”.

A Metro do Porto também foi alvo de buscas, já que existe a suspeita de que houve uma tentativa para alterar o traçado da Linha Rubi, em benefício de projectos do grupo empresarial.

No comunicado que agora foi tornado público, a empresa diz que o projecto Skyline e o Centro de Congressos, que deverá incluir a torre mais alta do país, “foram iniciados e apoiados” pela Câmara de Gaia, tendo recebido “um convite” do município para construir o centro com capacidade para 2500 pessoas. “Em troca, foi concedida à empresa a capacidade de construção e respectivas isenções fiscais, sujeitas à aprovação da Assembleia Municipal e sujeitas à discussão pública, tal como previsto na lei”, lê-se no documento.

Reafirmando a sua intenção de prosseguir com os projectos em curso, a administração do Grupo Fortera diz acreditar “firmemente que as alegações se revelarão infundadas, pois nunca houve qualquer envolvimento do Grupo Fortera em quaisquer acções que pusessem em causa os seus investimentos no país”.

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