Carta aberta a um escritor imaginário
Conheço o Comandante Vicente Moura desde, pelo menos, o final dos anos noventa quando, em 1997, fui nomeado enquanto “individualidade de reconhecido mérito desportivo” para o Conselho Superior do Desporto do qual ele era presidente (1997/2000). E sempre mantive com ele uma relação respeitosa e até, com o correr dos anos, fraterna. Mas não fazia a mínima ideia que havia publicado um livro de cerca de seiscentas páginas a que deu o título de “Crónica Olímpica” e onde descreve a sua visão do mundo desportivo em que participou.
E não iria saber da publicação se não tivesse sido avisado para ler a sua página 237 onde sou referido e colocado numa posição e em acções em que não me reconheço. Mais: falando com alguns dos aí citados - José Curado, Jorge Bento ou Manuel Brito - nenhum deles, como eu, reconhece a participação em qualquer reunião realizada em Rio Maior… e, pessoalmente, não gosto, como é o caso, de ser tratado como “moço de recados”. O que, faça-lhes justiça, nem Fernando Gomes, então ministro-adjunto, nem Vasco Lynce, na altura secretário de Estado do Desporto de quem fui, a partir de Novembro de 1999 até Maio de 2000, adjunto e não assessor como se lê no livro, alguma vez procuraram sequer que o fosse.
Para garantir a minha veracidade, embora com a dificuldade de mais de vinte anos entretanto passados, havia que conseguir consultar quer o citado artigo publicado no jornal Record de 5 de Março de 2000 e aludido por Vicente Moura nessa passagem do livro, quer as actas das reuniões do Conselho Superior de Desporto.
Nestas, no tempo de 1997 a 2002 em que pertenci ao Conselho, se constata que, para além de 3 reuniões no resvés Jamor, apenas houve uma única reunião fora de Lisboa realizada em Lamego, em Março de 2002, sob a presidência do ministro José Lello.
Imagine-se a minha revolta ao concluir, das consultas feitas, a evidência: o publicado e que ficará em diversas prateleiras privadas e públicas, corresponde a uma adulteração de factos propositada e prejudicial ao meu nome, numa vontade explícita com propósitos do seu próprio interesse. Porque sei que é assim?!
Porque ao ler o citado artigo do Record de 5 de Março de 2000 de onde são retiradas as acções que me são "imputadas, verifico que tem um autor que assina Repórter Imaginário e que está editado numa página cujo título geral é “Humor” e que tem no seu canto superior esquerdo um rótulo bem visível e legível que avisa: “parece/verdade/mas/não é”.
O que demonstra o óbvio: nem por desleixo se cita como factualmente verdadeiros as descrições duma “página desta natureza e só um interesse muito particular o pode levar a fazê-lo. Naturalmente que não gosto de ser utilizado para as visões que o autor pretenda impor publicamente — não é sério, nem admissível!
Os erros factuais, só nesta página, são mais do que muitos: a referida reunião de 28 de Fevereiro realizou-se a 29 de Fevereiro (conforme Acta nº 29 que foi aprovada pelo Conselho e assinada pelo autor, então seu Presidente) e dela se pode retirar que o projecto de parecer referente a diversas dimensões do futebol foi aprovado por unanimidade quer na generalidade, quer na especialidade.
E cito, da mesma acta, o seu último ponto: “13. Por último, o presidente louvou o trabalho desenvolvido e o sentido de Estado e de serviço público que dignificou uma vez mais este conselho.”
Dados os factos e embora com tristeza, o meu respeito e fraternidade para com o comandante Vicente Moura, morrem aqui!