“Obrigar os padres a mentir sobre a sua vida sexual é uma forma de maus tratos”
O sociólogo italiano Marco Marzano diz que os seminários são “os locais onde os futuros padres aprendem a mentir” sobre a sua vida sexual. E explica por que não abdica a Igreja do celibato obrigatório
Por que razão é o celibato obrigatório dos padres uma questão tão estrutural na Igreja Católica? O que é que tem de mudar nos seminários, essas “fábricas” de “homens de Deus”, onde os padres aprendem a fingir que não têm vida sexual? Quantos vivem realmente de forma casta? E porque é que a Igreja receia ver entrar em colapso todo o seu edifício, se aceitar abdicar do celibato obrigatório? Algumas respostas a estas questões estão contidas no livro A Casta dos Castos – Os Padres, o Sexo e o Amor, da autoria do sociólogo italiano Marco Marzano que acabou de ser lançada pela editora Zigurate, depois de ter sido publicado em Itália e traduzido posteriormente para francês e para polaco. Ao longo de 176 páginas, o professor de Sociologia na Universidade de Bérgamo recolhe depoimentos de psicólogos, padres, ex-padres e mulheres que tiveram relações com padres para analisar a fundo as razões estruturais que alimentam os comportamentos sexuais desviantes de muitos clérigos. E conclui que, tanto como os padres abusadores, é a cultura clerical que deveria ser chamada a tribunal.
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