Rússia controla Bakhmut, mas Ucrânia não desiste da batalha

Ucranianos têm conseguido ganhos territoriais nos arredores da cidade. Incursão armada na região fronteiriça russa de Belgorod levou autoridades a retirar população e a lançar operação antiterrorismo.

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Imagens divulgadas pelas Forças Armadas ucranianas mostram a destruição de Bakhmut UKRAINIAN ARMED FORCES/Reuters
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Foram nove meses de combates ferozes, com avanços e recuos medidos em metros e quarteirões, com um elevadíssimo número de baixas em ambos os lados e um rasto de enorme destruição, que as imagens aéreas e de satélite começam a revelar. A Rússia declarou ter conquistado Bakhmut e a Ucrânia admite que a presença das suas forças na cidade é muito reduzida.

Mas os ucranianos recusam ditar já o fim da batalha e afirmam que têm feito avanços nos arredores, o que lhes permitirá cercar as forças russas. “Através dos nossos movimentos nos flancos, a norte e a sul, conseguimos destruir o inimigo”, disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, citada pela Reuters. As forças ucranianas terão conseguido “ocupar certas elevações”, o que “torna muito difícil a permanência do inimigo na cidade propriamente dita”.

Os contra-ataques ucranianos na zona de Bakhmut, que começaram por ser pequenos e restritos a áreas muito específicas, têm vindo a ter algum sucesso há cerca de duas semanas. Alguns analistas militares ocidentais acreditam que estas movimentações servem mais para amarrar forças russas à cidade, impedindo-as de reforçar defesas noutros lados, do que para reconquistar a zona urbana.

O comandante da tropa ucraniana na frente leste, Oleksandr Sirskii, reconheceu no fim-de-semana que os seus soldados já só estão numa “pequena parte de Bakhmut”, mas recusou qualquer desistência e deu como garantido que haverá “uma mudança de situação”.

Um dos principais objectivos da defesa acérrima de Bakhmut pelas forças ucranianas – tendo em conta o valor estratégico muito reduzido da cidade para o desenrolar da guerra – foi o de enfraquecer ao máximo as capacidades russas antes da anunciada contra-ofensiva. “A importância da nossa missão de permanecer em Bakhmut é a de atrair uma força significativa do inimigo. Estamos a pagar um preço alto”, admitiu à Associated Press um comandante no terreno, Taras Deiak.

A cidade foi tomada sobretudo por mercenários do grupo paramilitar russo Wagner, cujo líder já ameaçou várias vezes retirar de lá os seus homens. Ievgueni Prigojin voltou a fazê-lo esta segunda-feira, afirmando no Telegram que a partir de quinta-feira as posições defensivas começarão a ser entregues à tropa regular russa. “E se essas forças não forem suficientes, temos milhares de generais”, ironizou. “Só temos de criar um batalhão de generais, dar-lhes armas e tudo vai correr bem.”

Mais a norte, na região fronteiriça russa de Belgorod, deu-se uma incursão armada em várias aldeias, de contornos ainda não totalmente esclarecidos. O governador regional, Viacheslav Gladkov, afirmou que “um grupo de sabotagem” ucraniano tinha penetrado em território russo e ferido pelo menos seis pessoas. Toda a zona foi posta em alerta antiterrorismo e os residentes começaram a ser retirados ao fim da tarde.

O porta-voz dos serviços secretos ucranianos, Andri Ioussov, disse a vários meios de comunicação ucranianos que foram rebeldes russos que lançaram esta incursão, com o objectivo de “libertar esses territórios do regime de Putin”. O principal assessor de Volodymyr Zelensky escreveu no Twitter que a Ucrânia “não tem nada que ver com isto”.

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