Biden garante que F-16 vão ser usados apenas em território ucraniano

Em Hiroxima, Zelensky falou da destruição de Bakhmut, mas garantiu que a cidade não estava totalmente ocupada pelas forças russas, como alega Moscovo.

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Volodymyr Zelensky e Joe Biden no encontro em Hiroxima, com Emmanuel Macron Susan Walsh/Pool via REUTERS
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Na fotografia de família do G7, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ocupou um lugar de destaque no centro da imagem – e a sua presença dominou a cimeira desde que aterrou em Hiroxima, comentou a correspondente da BBC no Japão Shaimaa Khalil.

Num dia em que a guerra na Ucrânia foi o tema central das intervenções – depois de, no dia anterior, ter sido a estratégia a seguir para diminuir os riscos da excessiva dependência da China –, o Presidente norte-americano, Joe Biden, falou sobre o anúncio de F-16 para a Ucrânia para sublinhar que Zelensky lhe deu uma “garantia absoluta” de que os aviões de fabrico norte-americano não serão usados para atacar território russo, mas apenas as forças russas na Ucrânia.

Biden disse ainda que “é altamente improvável” que os caças possam ser usados numa ofensiva ucraniana que se prevê que aconteça nas próximas semanas, mas disse que as forças ucranianas irão precisar deste tipo de armas para se defender da Rússia. Os aviões não teriam feito diferença em palcos como Bakhmut, “mas podem fazer toda a diferença para lidar com o que está para vir”, disse ainda, citado pela Reuters.

O jornalista David E. Sanger, do New York Times, tinha comentado que esta decisão de Biden de autorizar o envio de F-16 sugere que os EUA e aliados acreditam que, mesmo que haja um acordo para o fim da guerra, será importante que a Ucrânia tenha capacidade de se defender, a longo prazo, de uma Rússia “zangada e alvo de sanções”.

Biden anunciou ainda mais ajuda militar, no valor de 375 milhões de dólares (cerca de 345 milhões de euros), e que Washington vai apoiar programas de treino conjuntos com outros países. O Presidente dos EUA apelou ainda a “uma paz justa que respeite a soberania da Ucrânia e a sua integridade territorial”.

Zelensky, que falou a seguir a Biden, respondeu a uma pergunta sobre os F-16 dizendo que não sabe ainda quantos caças irá Kiev receber. Ainda nenhum país ofereceu oficialmente os caças a Kiev.

Nas respostas aos jornalistas, clarificou ainda um comentário sobre Bakhmut que foi entendido como uma confirmação de que a cidade estava controlada pelas forças russas, como alegou Moscovo. Bakhmut não tem importância táctica, mas tem sido palco do mais duro, e longo, confronto entre forças ucranianas e russas desta guerra, e tem visto uma grande participação do Grupo Wagner na ofensiva.

A cidade “não está ocupada pela Rússia”, declarou Zelensky. “Não há duas ou três interpretações possíveis disto.” No entanto, está totalmente destruída, acrescentou. “Digo-vos abertamente: as fotografias de Hiroxima destruída fazem-me mesmo lembrar Bakhmut e outros locais semelhantes. Nada resta com vida, todos os edifícios estão destruídos”, declarou, citado pela Reuters, para depois falar da cidade actual. “Hiroxima foi reconstruída, e nós sonhamos em reconstruir as nossas cidades.”

O Exército ucraniano disse, entretanto, que controla “uma parte insignificante” de Bakhmut, mas que continua a levar a cabo missões de retirada de pessoas – incluindo um adolescente – e a preparar um cerco táctico.

Zelensky tinha antes visitado o Museu Memorial da Paz na companhia do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que é de Hiroxima e teve familiares mortos no ataque com bomba atómica dos Estados Unidos, deixando uma coroa de flores em memória dos que foram mortos.

O Presidente ucraniano agradeceu ainda à cidade anfitriã do G7 por cada uma das bandeiras azuis e amarelas nas ruas, já que onde há uma bandeira ucraniana está a prova de que há fé na liberdade, na vida e “no nosso povo”.

A Rússia, por outro lado, afirmou que Hiroxima tinha sido palco de um “espectáculo de propaganda” com a presença de Zelensky. “Os líderes do G7 trouxeram para o seu encontro o líder do regime de Kiev, que controlam, e transformaram a reunião de Hiroxima num espectáculo de propaganda”, declarou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa.

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