Quando Oliveira se tornou um clássico: Vale Abraão estreou-se há 30 anos em Cannes
Trinta anos após uma sessão mítica — uma sala em pé a aplaudir — o filme de Oliveira vai reencontrar Cannes. Foi depois dele que as vedetas internacionais quiseram “fazer parte da colecção” Oliveira.
Pierre Henri-Deleau ainda hoje não sabe explicar o que aconteceu há 30 anos. É o decano da Quinzena dos Realizadores (desde 2022, Quinzena dos Cineastas) que o diz... "Não consegui compreender o que se tinha passado." Começa a relatar: "O Manoel de Oliveira estava lá. Fomos jantar, com ele e com a mulher, todos felizes, ao Carlton", histórico hotel na Croisette — inaugurado em 1911 — que se torna o centro da vida das estrelas durante o Festival de Cannes. Saíram, então, da projecção de Vale Abraão, do escuro da sala, em direcção ao mar e aos reflexos das luzes que se banhavam. Para trás ficara o inexplicável, um dos momentos míticos de Cannes: 1100 espectadores "subjugados" no final "de 3h07 de filme", um aplauso "unânime durante dez a 15 minutos".
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