Benfica abre em 2024 primeira residência universitária construída por uma junta

Equipamento financiado pelo PRR terá capacidade para 120 camas, com preço médio de 162 euros mensais. Edifício será construído com técnica inovadora e privilegiará bolseiros deslocados.

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A residência destinar-se-á sobretudo a estudantes deslocalizados em Lisboa DR
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Um terreno expectante junto à estação de caminhos-de-ferro de Benfica estará ocupado, dentro de menos de um ano, pela primeira residência universitária projectada, construída e explorada por uma junta de freguesia portuguesa. O equipamento, que terá capacidade para albergar 120 estudantes, deverá começar a ser construído, ainda este mês, no bairro de Calhariz de Benfica, e está orçado em 3,9 milhões de euros, totalmente suportados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A rapidez na execução da obra deve-se à adopção de uma nova técnica de edificação.

“Este é um projecto inovador em vários aspectos, sem dúvida. E nós quisemos avançar com ele, não apenas pelas óbvias necessidades de alojamento estudantil nesta área da cidade e em toda a Lisboa, mas também para dar um sinal muito claro do papel que uma entidade pública local, como uma junta, pode desempenhar ao nível da resolução dos problemas habitacionais”, diz ao PÚBLICO o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), salientando o papel que a residência universitária desempenhará também ao nível da revitalização do tecido sócio-económico daquela área da capital.

Essa perspectiva de solucionamento de vários problemas através de um projecto, associada à adopção de uma técnica construtiva rápida e económica, terá sido determinante na sua boa classificação e consequente aprovação do integral do financiamento por fundos comunitários. “Fomos muito ousados na nossa proposta e, por isso, conseguimos ficar em quarto lugar, a nível nacional, na candidatura que fizemos a esta linha de financiamento a verbas do PRR”, afirma o autarca, referindo-se ao instrumento financeiro destinado a alojamento estudantil a custos acessíveis — que pretende criar 26 mil camas estudantis, a nível nacional, até 2026.

Os custos controlados e a rapidez na construção, a rondar os oito meses, devem-se à escolha do Sistema Construtivo em Blocos Autoportantes de Betão Armado (SIMBA), com 80% da estrutura a chegar já pré-montada ao terreno com uma área de implantação de cerca de três mil metros quadrados. A técnica foi desenvolvida por um consórcio luso-britânico, com o apoio do Instituto Superior Técnico. O edifício deverá estar pronto a ser utilizado em Março de 2024. Os alojamentos custarão entre 77 e os 288 por mês para os estudantes. O preço médio será de 162 euros.

Ricardo Marques explica que a iniciativa da junta de avançar para este projecto nasceu da constatação de que existia um agudo problema de alojamento estudantil em Benfica, onde se localizam três estabelecimentos de ensino superior, pertencentes ao Instituto Politécnico de Lisboa: a Escola Superior de Música, a Escola Superior de Educação e a Escola Superior de Comunicação Social. “Todos os anos, o IPL nos tem vindo pedir ajuda na resolução do problema do alojamento dos seus estudantes”, revela. Na freguesia, existe apenas uma residência destinada a tal fim, mas é privada e pratica preços não comportáveis pelos estudantes em situação de maior precariedade económica.

Os alunos bolseiros deslocalizados, ou seja, provenientes de fora de Lisboa, serão, aliás, os principais beneficiários da nova residência universitária. Das 120 camas, destinar-se-lhes-ão 72, estando ainda previstas seis camas para estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida, e o remanescente, 32, será distribuído por outros universitários. “Dos 235 alunos destas três escolas superiores que, no actual ano lectivo, pediram alojamento, apenas 50 o tiveram”, salienta Carla Rothes, a vogal com os pelouros dos direitos sociais e formação na Junta de Benfica.

As referidas escolas superiores perfazem uma comunidade de 3137 alunos, mas tal universo deverá expandir-se para mais do dobro, quando para o campus de Benfica se mudarem também o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, primeiro, e a Escola Superior de Dança, depois. Prevê-se, por isso, que a oferta até se venha a revelar escassa, dada a presumível procura.

A construção da residência obrigou à revogação do actual plano de pormenor do Calhariz de Benfica. E o presidente da junta de freguesia vê neste momento uma enorme oportunidade para realizar uma profunda transformação naquele território. “A nossa intenção é utilizar este projecto para fazer a mudança de mote no Calhariz de Benfica. Aquele local é como uma aldeia, que precisa de ser requalificada. Está mesmo junto a Monsanto, tem bons restaurantes e, usando a estação de comboios, podemos convencer as pessoas que vão até Sintra a parar ali e a conhecer o sítio”, preconiza Ricardo Marques.

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