OMS desaconselha o uso de adoçantes para perda de peso

Uso prolongado de adoçantes pode implicar riscos acrescidos para a saúde, nomeadamente diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, de acordo com a OMS.

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O adoçante é muitas vezes usado para substituir o açúcar no café e não só Nuno Ferreira Santos
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselha o uso de adoçantes, como a sacarina ou a stevia, para controlar o peso corporal e, numa nova recomendação divulgada nesta segunda-feira, avisa que o seu uso prolongado pode implicar riscos acrescidos para a saúde.

A recomendação baseia-se nos resultados de uma revisão sistemática da evidência disponível, que sugerem que o uso de adoçantes sem açúcar não demonstra eficácia, a longo prazo, na redução da gordura corporal em adultos e crianças, e que o seu uso prolongado pode ainda implicar “potenciais efeitos indesejáveis”, nomeadamente um risco acrescido de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos, explica a organização em comunicado.

“Substituir açúcares por adoçantes sem açúcar não ajuda a controlar o peso a longo prazo. As pessoas precisam de equacionar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares, nomeadamente consumindo alimentos com açúcares naturais, como frutas, ou alimentos e bebidas sem açúcar”, aconselha Francesco Branca, director de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS, citado no comunicado. "Os adoçantes [que se encontram em alimentos e bebidas ou que se vendem isoladamente para que os consumidores os adicionem] não são produtos dietéticos essenciais e não têm valor nutricional”, sustenta.

A recomendação dirige-se à população em geral, à excepção das pessoas pré-diabéticas, e inclui adoçantes artificiais com poucas ou nenhumas calorias e também extractos naturais, que podem ou não ser quimicamente modificados, como “aspartame, advantame, ciclamatos, neotame, sacarina, sucralose, stevia e derivados de stevia”.

A OMS sublinha, porém, que a recomendação é "condicional", uma vez que a relação identificada entre os adoçantes e os resultados em saúde pode ser influenciada pelas características de base dos participantes nos estudos e os padrões complexos de uso destas substâncias. Isto significa que “as decisões políticas baseadas nesta recomendação podem exigir um debate em torno dos contextos específicos de cada país", frisa.

A "International Sweeteners Association", organização não lucrativa que representa esta indústria, reagiu considerando que a OMS não prestou um bom serviço aos consumidores. "Os adoçantes com poucas ou nenhumas calorias são um dos ingredientes mais estudados no mundo e continuam a ser uma ferramenta útil para controlar obesidade, diabetes e doenças dentárias", defende a associação, em comunicado citado pelo The New York Times.

A associação sublinha ainda que a OMS apenas apresenta uma recomendação "condicional", que não é "cientificamente rigorosa nem baseada em evidência robusta".

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