Zelensky pede ao Papa Francisco para apoiar plano de paz ucraniano

Presidente da Ucrânia visitou Roma onde, antes de uma conversa de 40 minutos com Francisco, encontrou-se com Giorgia Meloni e com o seu homólogo, Sergio Mattarella.

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Papa Francisco e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reuniram pela segunda vez, depois do encontro a 8 de Fevereiro de 2022 EPA/VATICAN MEDIA HANDOUT
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Volodymyr Zelensky pediu este sábado ao Papa Francisco para apoiar o plano de paz de Kiev, no final de uma visita de um dia do Presidente ucraniano a Roma, onde se encontrou também com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e com o seu homólogo, Sergio Mattarella. “É uma grande honra”, disse Zelensky a Francisco, colocando a mão no coração e inclinando a cabeça ao cumprimentar o Papa, de 86 anos, que estava de pé com uma bengala.

Zelensky, que visitou Roma pela primeira vez desde o início da invasão russa da Ucrânia, conversou com o Papa durante 40 minutos, oferecendo-lhe um colete à prova de bala que foi utilizado por um soldado ucraniano e posteriormente pintado com uma imagem de Nossa Senhora.

Através de um comunicado, o Vaticano referiu que, durante o encontro, Zelensky e o papa discutiram “gestos humanitários”, que uma fonte da Santa Sé disse ser uma referência à disposição do Vaticano para ajudar na repatriação de crianças ucranianas.

Kiev estima que quase 19.500 crianças tenham sido levadas para a Rússia ou para a Crimeia ocupada, o que condena como deportações ilegais. “Devemos fazer todos os esforços para fazê-los regressar a casa”, escreveu Zelensky no Twitter, confirmando que discutiu o assunto com o Papa.

O Presidente ucraniano disse também que pediu a Francisco para “se juntar” ao plano de paz de 10 pontos de Kiev. No documento, a Ucrânia pede a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada da tropa russa e a cessação das hostilidades. Zelensky disse repetidamente que o plano não está aberto a negociações.

No início da guerra, o papa tentou adoptar uma abordagem equilibrada na esperança de poder ser um mediador, mas começou depois a condenar vigorosamente as acções da Rússia, comparando-as a alguns dos piores crimes contra a Ucrânia durante a era soviética. “Pedi ao Papa que condenasse os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor”, acrescentou Zelensky na sua conta no Twitter.

Antes da conversa com Francisco, Zelensky encontrou-se com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que prometeu total apoio militar e financeiro para a Ucrânia e reiterou o apoio à sua proposta de adesão à União Europeia.

Numa conferência de imprensa conjunta no palácio Chigi, em Roma, Meloni condenou a “agressão brutal e injusta” da Rússia, prometendo apoio italiano à Ucrânia “pelo tempo que for necessário”. “A paz não pode ser alcançada através de uma rendição. Seria um precedente muito grave para todas as nações do mundo”, disse a chefe do Governo italiano.

Dirigindo-se a Meloni, Zelensky afirmou: “Giorgia, agradeço a oportunidade de estar neste belo Estado com uma grande história, estou aqui para apertar a sua mão e agradecer por ter dado refúgio aos cidadãos ucranianos, nunca esquecerei”.

Este domingo, o Presidente ucraniano visitará Berlim, onde deve encontrar-se com os principais dirigentes alemães, um dia depois de o Governo da Alemanha ter anunciado um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 2,7 mil milhões de euros, que inclui a entrega de vários tanques, veículos blindados e sistemas de defesa antiaérea.

O plano de ajuda militar em preparação inclui 30 tanques Leopard-1 A5 adicionais, 20 novos veículos blindados Marder e uma centena de outros veículos blindados de menor dimensão, 200 drones de vigilância, quatro novos sistemas de defesa antiaéreos Iris-T e as respectivas plataformas de lançamento, numerosos mísseis de defesa antiaérea, 18 canhões Howitzer e munições.

De acordo com o semanário Der Spiegel, este é o maior pacote de ajuda militar de Berlim à Ucrânia, desde o início da invasão russa, em 24 de Fevereiro de 2022.

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