Caixa quase duplica lucros para 285 milhões no primeiro trimestre

O banco público viu os depósitos diminuírem quase 5%, mas os resultados operacionais registaram melhorias significativas.

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Paulo Macedo, presidente executivo da CGD Miguel Madeira
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reportou um resultado líquido de 285 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023, valor que representa uma subida de 95,7% em relação aos lucros de 145,6 milhões que tinham sido registados em igual período do ano passado.

A contribuir para esta evolução esteve a melhoria da rentabilidade, que compensou a quebra de quase 5% dos depósitos, numa altura em que muitas famílias estão a transferir poupanças dos depósitos bancários para produtos mais rentáveis, como certificados de aforro.

Os resultados foram divulgados esta quinta-feira pelo banco público, que dá conta de que a melhoria dos resultados foi conseguida "num contexto económico instável resultante dos efeitos da inflação persistentemente elevada e da sua consequência para a evolução da política monetária na Europa e nos Estados Unidos".

Apesar deste cenário, a instituição liderada por Paulo Macedo conseguiu praticamente duplicar os lucros em relação ao ano passado, uma evolução que fica a dever-se, em grande parte, aos resultados operacionais, com a margem financeira a aumentar significativamente e as receitas provenientes de comissões também a crescerem.

A margem financeira mais do que duplicou, aumentando de 266 milhões de euros no primeiro trimestre do ano passado para 611 milhões em igual período deste ano, um movimento que o banco justifica com a "subida das taxas de juro nas operações de retalho", bem como com o "impacto positivo relativo às operações de tesouraria e da carteira de títulos".

Já os resultados de serviços e comissões líquidas aumentaram em 2%, ascendendo a 149 milhões de euros no final de Março, traduzindo "o crescimento em Portugal nas comissões com meios de pagamento resultantes da evolução das compras com cartões da Caixa. Ao mesmo tempo, os resultados de operações financeiras "registaram um crescimento atípico de 76,5 milhões de euros" face ao ano passado, graças à liquidação do Fundo de Pensões, uma operação não recorrente.

O produto global da Caixa fixou-se, assim, em 850 milhões de euros no final de Março, quase o dobro dos 450 milhões que eram registados no primeiro trimestre do ano passado.

A evolução registada nos resultados permitiu à Caixa aumentar a rentabilidade dos capitais próprios em mais de três pontos percentuais, com este rácio a crescer de 9,8% no ano passado para 13,3% no primeiro trimestre deste ano.

Depósitos recuam 4,6%

Em sentido contrário, a actividade comercial registou uma quebra ou, no caso do crédito, uma estagnação. Do lado dos recursos do banco, os depósitos de clientes recuaram 4,6% e fixaram-se em 80 mil milhões de euros no primeiro trimestre.

Em conferência de imprensa, Francisco Cary, administrador financeiro da Caixa, explica esta quebra com a transferência de poupanças para certificados de aforro, mas, também, para outros instrumentos de maior rentabilidade vendidos pelo próprio banco, bem como com amortizações antecipadas de crédito.

Já a carteira de crédito manteve-se praticamente inalterada, com uma queda de 0,7%, fixando-se em 50,4 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, registou-se um muito ligeiro aumento do crédito malparado, com rácio de "non-performing loans" a aumentar de 2,4% no final do ano passado para 2,5% no final do primeiro trimestre deste ano.

No que diz respeito à solidez do banco, o rácio core equity tier 1 aumentou de 18,7% em Dezembro para 19,5% no final de Março.

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