Reforma paga pela TAP a Trey Urbahn gerou auditoria interna

Ramiro Sequeira, actual administrador executivo e que assumiu transitoriamente a presidência da TAP entre 2020 e 2021, foi esta tarde à comissão parlamentar de inquérito.

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Ramiro Sequeira está na TAP desde 2018 MATILDE FIESCHI
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Foi a recente análise da reforma paga pela TAP ao ex-administrador da companhia, Trey Urbahn, que levou a que se encomendasse uma auditoria interna à consultora EY para verificar se havia outros casos de pagamentos considerados indevidos a quadros da empresa. A afirmação foi feita pelo actual administrador executivo da TAP, Ramiro Sequeira, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à companhia.

O gestor, que foi presidente executivo interino da TAP entre o Verão de 2020 e o Verão de 2021, explicou que a situação da reforma paga ao ex-administrador, próximo do ex-accionista David Neeleman, “chegou recentemente à comissão executiva” por via do departamento jurídico e do departamento de recursos humanos, que “chegaram à conclusão de que não estava clara a sua legitimidade”.

“Foi decidido parar esse pagamento e questionar a reforma”, sublinhou, acrescentando que havia “dúvidas do ponto de vista jurídico” sobre essa responsabilidade financeira assumida TAP.

Conforme se soube no final de Março, no âmbito da CPI, o acordo de pré-reforma deu 1,35 milhões de euros a Trey Urbahn entre Dezembro de 2018 e Dezembro de 2022.

A auditoria interna, explicou, tem como objectivo “ver se houve mais casos”. O gestor afirmou que, tanto quanto é do seu conhecimento, ainda não há resultados dessa análise.

Ramiro Sequeira entrou na TAP em 2018 para o cargo de director de operações, quando a gestão era controla pelos privados, vindo do grupo IAG (British Airways/ Iberia), para o qual tinha entrado por via da espanhola Vuelling.

O gestor assumiu funções de presidente interino durante quase um ano, entre Julho de 2020, após a saída de Antonoaldo Neves (na sequência do reforço do Estado na TAP) e Junho de 2022, data da entrada de Christine Ourmières-Widener.

Questionado sobre a saída da ex-administradora executiva, Alexandra Reis (cujo caso de indemnização de 500 mil euros está na base desta CPI), Ramiro Sequeira referiu que só soube dessa decisão quando foi formalizada.

O gestor considerou que, em termos gerais e dentro de "uma certa razoabilidade”, quando há divergências, “isso é saudável”, já que mostra “diferentes formas de pensar”. Em paralelo, afirmou, depois questionado sobre se as divergências entre Alexandra Reis e a então presidente executiva Christine Ourmières-Widener punham causa o funcionamento da comissão, que “nunca foram deixadas de ser tomadas decisões para o bom funcionamento da empresa por qualquer tipo de divergência” entre as duas gestoras.

Seguro para advogados

O gestor, que não soube adiantar os valores a pagar pela TAP ligados à reintegração obrigatória de trabalhadores que saíram da empresa após a pandemia, afirmou que a redução de pessoal verificada em 2020 e 2021 foi algo que tinha de ser feito, por causa do plano de reestruturação.

Era preciso, disse, “entregar até ao dia 10 de Dezembro de 2020 um plano que fosse credível” e “que permitisse salvar 7000 postos de trabalho”.

Numa intervenção inicial, vincou que o período em que foi presidente executivo interno foi o “momento mais critico na historia da TAP” e que “a sobrevivência do grupo esteve em causa nesse período”.

Ramiro Sequeira, que se fez acompanhar por duas pessoas, o advogado José Ricardo Gonçalves e a directora do departamento jurídico da TAP, Manuela Simões, explicou, após ter sido questionado sobre a existência de um seguro de “directors and officers” da empresa, que, no seu caso, este “foi accionado para estar aqui hoje [quarta-feira], para me ajudar a preparar” e responder às perguntas dos deputados.

“A partir do momento em que há uma questão mediática como esta, e que existe um seguro que nós pagamos, eu activei-o para o pagamento do advogado”.

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