Três comandantes da Jihad Islâmica e pelo menos nove civis, incluindo quatro crianças, foram mortos em ataques aéreos israelitas em Gaza nesta terça-feira, numa operação que gerou uma promessa imediata de retaliação por parte dos palestinianos.
Os bombardeamentos desta terça-feira são o mais recente ataque em mais de um ano de violência crescente, que resultou em repetidas incursões militares israelitas e num aumento da violência dos colonos nos territórios ocupados da Cisjordânia contra palestinianos, tendo como pano de fundo uma série de ataques de palestinianos contra israelitas nas ruas.
Horas depois da operação em Gaza, militares israelitas fizeram uma incursão na cidade de Nablus, na Cisjordânia, um dos focos de meses de confronto entre tropas israelitas e combatentes palestinianos.
Os bombardeamentos acontecem dias depois de um novo aumento da violência, após a morte, sob custódia das autoridades de Israel, de um prisioneiro palestiniano que esteve 86 dias em greve de fome.
Segundo fontes do Exército de Israel, os alvos desta terça-feira eram três líderes da Jihad Islâmica, um grupo apoiado pelo Irão e que está nas listas de organizações terroristas no Ocidente.
Segundo o ministro das Infra-estruturas israelita e ex-membro do Gabinete de Segurança do país, Israel Katz, uma nova escalada da violência depende agora de um eventual envolvimento dos militantes do Hamas. Tal participação, segundo Katz, tornaria o líder do Hamas num alvo para tentativas de assassínio da parte do Estado hebraico.
A Jihad Islâmica identificou os comandantes mortos como Jihad Ghannam, Khalil Al-Bahtini e Tareq Izzeldeen.
Num outro sinal de que Israel está a preparar-se para um aumento da violência, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, disse que regressaria mais cedo de uma visita à Índia depois de se encontrar com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O porta-voz da Jihad Islâmica, Tareq Selmi, disse que o "crime de Israel não ficará impune".
Segundo fontes hospitalares em Gaza, pelo menos 12 pessoas foram mortas e 20 ficaram feridas nos ataques que atingiram áreas residenciais na faixa densamente povoada, onde 2,3 milhões de palestinianos vivem numa área de 365 quilómetros quadrados.
Um porta-voz militar israelita disse que o exército do país está a investigar relatos de mortes de civis, mas não fez nenhum comentário imediato. Os militares israelitas disseram que 40 caças participaram numa série de ataques "de precisão".
Segundo um porta-voz do Exército israelita, foram atingidos dez centros de produção de armas, incluindo rockets.
Mobilização de reservistas
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram uma caravana de veículos militares israelitas blindados a chegar a Nablus, enquanto crianças caminhavam pela rua com as suas mochilas às costas.
Um porta-voz israelita, o brigadeiro-general Daniel Hagari, disse que os objectivos em Gaza "foram alcançados". Também foi aprovada uma mobilização limitada de reservistas.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que tem dividido o seu tempo entre a Turquia e o Qatar, disse num comunicado que "o assassínio de líderes não trará segurança à ocupação, mas sim mais resistência".
Durante os bombardeamentos israelitas, muitos palestinianos lamentaram, nas redes sociais, a morte de um conhecido dentista e da sua mulher, descrevendo-o como um amigo leal e um homem humilde.
Na semana passada, a morte de Khader Adnan sob custódia israelita após uma greve de fome de 87 dias desencadeou várias horas de combates na fronteira, nos quais um palestiniano foi morto.
Mais de 100 palestinianos e pelo menos 19 israelitas e estrangeiros em Israel foram mortos desde Janeiro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina condenou veementemente o ataque de Israel e disse que uma solução política negociada é a única forma de alcançar segurança e estabilidade.
A Jihad Islâmica, tal como o Hamas, recusa a coexistência com Israel e prega a sua destruição.
Israel conquistou a Faixa de Gaza e a Cisjordânia — áreas que os palestinianos querem para um Estado independente, com Jerusalém Oriental como capital — na guerra de 1967.