Associação de Futebol de Santarém vai comunicar ao Ministério Público o caso do jogo de futsal que terminou 60-0

Associação de Futebol de Santarém não aceita o resultado 60-0 do Mação-Benavente em futsal. Direcção vai comunicar o caso ao Ministério Público. Benavente não explica por que jogou com três atletas.

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A Associação de Futebol de Santarém vai accionar os meios legais "com vista a repor o bom nome das competições desportivas que organiza", disse em comunicado Sergio Azenha
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A Associação de Futebol de Santarém anunciou que não vai aceitar a vitória por 60-0 do Mação frente ao Benavente em futsal no sábado passado e que vai comunicar o caso ao Ministério Público. A direcção da associação entende que pode estar em causa o cumprimento da Lei n.º 50/2007 de 31 de Agosto, que estabelece "um novo regime de responsabilidade penal por comportamentos susceptíveis de afectar a verdade, a lealdade e a correcção da competição e do seu resultado na actividade desportiva".

Em causa está um encontro entre o Mação e o Benavente do campeonato distrital de futsal no sábado passado. O Benavente apresentou-se em campo com apenas três jogadores, dois dos quais juniores, por causa de uma alteração ao horário do jogo que impediu os restantes atletas de participarem no encontro. O Mação jogou com a equipa completa, cinco atletas, e venceu por 60-0, conquistando assim o campeonato 2022/2023.

Mas a Associação de Futebol de Santarém anunciou agora que não vai "proceder à homologação do resultado verificado​", nem "homologar o resultado da prova"​. Num comunicado assinado pelo presidente, Francisco António Maia Jerónimo, a direcção diz que vai accionar os meios legais ao seu dispor "com vista a repor o bom nome das competições desportivas que organiza e dos valores do desporto​".

Além de enviar uma participação disciplinar ao Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Santarém, a direcção entende que "tem o dever de comunicação ao Ministério Público da eventual ocorrência da infracção que possa revestir natureza e motivação criminal ou contra-ordenacional". ​Essa obrigação, prossegue o comunicado, estará explanada num dos artigos do Regulamento Disciplinar.

Numa primeira reacção publicada no site do Associação de Futebol de Santarém sob o título "Envergonhados", no domingo, a direcção considerou que o dia do Mação-Benavente, última partida do campeonato, foi "um dia muito triste para o futsal distrital e para o desporto regional"; e que, "não há memória de um episódio tão grave". "A Direcção da Associação de Futebol de Santarém sente-se envergonhada pelo que se passou na primeira divisão distrital de futsal, em seniores masculinos", comunicou.

​​A direcção considerou que "não podem existir razões" para o Benavente se ter apresentado com três atletas, dois deles da formação e com um "comportamento tão passivo": "Não admitimos nem aceitamos que dirigentes e treinador tenham exposto jovens atletas a tão grande humilhação. Isto não é desporto", considerou.

Esta segunda-feira, o Benavente revelou que já tinha informado a Associação de Futebol de Santarém de que teria dificuldade em apresentar a equipa completa à conta da alteração no horário do jogo. E que, quando questionou a associação das consequências de uma falta de comparência, ela respondeu com os valores das multas aplicadas nesses casos.

O Benavente terá contactado novamente a associação na última sexta-feira, confirmando que só teria três jogadores disponíveis para o jogo, mas diz que não recebeu qualquer resposta. Apresentou-se então em campo e solicitou ao árbitro da partida que pedisse ao Mação que jogasse apenas com três atletas. O Benavente afirmou no Facebook que a equipa de arbitragem não acedeu ao pedido, argumentando que não tinha poderes para isso e que a decisão teria de vir da equipa adversária.

Mas o clube nunca esclareceu os motivos pelos quais os restantes membros da equipa não poderiam jogar à conta da alteração do horário. Antes de agradecer aos atletas que participaram no jogo e de pedir desculpa à população de Benavente, o clube informou que "não deverá prestar mais esclarecimentos acerca da falta de jogadores do plantel e dos motivos da sua ausência", adianta o comunicado: "Muita coisa tem sido dita nas redes sociais e na comunicação social, mas nem tudo corresponde à verdade".

Entretanto, o Mação também já reagiu à polémica numa mensagem no Facebook. Saindo em defesa do adversário, o clube diz considerar que "devia ter sido a Associação de Futebol de Santarém a primeira a tentar encontrar uma solução ética para a resolução do problema": "O Mação sempre mostrou abertura para jogar noutra data ou horário, devendo a associação fazer uma reflexão sobre casos idênticos que ocorrem nos mais diversos campeonatos organizados pela mesma e que não têm o mesmo tratamento".

O caso torna-se ainda mais intrincado porque o Vitória de Santarém, que enfrentou o GRUDER ao mesmo tempo que decorria o Mação-Benavente, estava em vantagem para ser campeão: em princípio, bastava que ganhasse esse jogo para conquistar o primeiro lugar, uma vez que tinha mais 33 golos do que o Mação. Com o resultado por 60-0 do Mação-Benavente, a vitória por 7-5 do Santarém não bastou para chegar ao primeiro lugar, que caiu assim nas mãos do Mação.

E as críticas adensam-se neste ponto: é que, apesar da vitória quase garantida para o Santarém no sábado, o Mação já tinha prontas as camisolas de campeão para o caso de uma vitória, o que causou estranheza e levantou suspeitas. Mas o clube já respondeu às críticas e considerou que as acusações de que o Mação está a ser alvo são graves e o clube não irá deixar passar em claro, sem as devidas diligências legais".

"Para aqueles que acham que ter camisolas de campeão prontas é uma indicação de algo menos ético, nas últimas cinco épocas, em 10 jogos realizados entre as duas equipas, o Vitória de Santarém contava com duas vitórias e oito derrotas perante o GRUDER. Perante este facto, quem achar que isto não seria suficiente para ter camisolas prontas, é porque saberia que a vitória em Santarém era garantida para o Vitória de Santarém", indica o comunicado.

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