Presidente da Colômbia elogia via portuguesa na luta contra a droga

Gustavo Petro reuniu-se com António Costa e no domingo reúne-se com Marcelo Rebelo de Sousa. O primeiro-ministro quer colaborar com Colômbia na energia, alimentação e combate à droga.

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O Presidente da Colombia foi recebido pelo primeiro-ministro, na residência oficial de São Bento EPA/FILIPE AMORIM

O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, elogiou, este sábado, os resultados da experiência portuguesa de prevenção e luta contra a droga e criticou o caminho diferente seguido na América Latina com elevados índices de criminalidade e destruição de democracias, no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento.

“Portugal seguiu já há 20 anos uma via muito diferente na luta contra a droga em relação à Colômbia e às Américas. Aqui há uma alternativa que queremos avaliar e que pode ser seguida pelos nossos povos, tendo em vista uma mudança. Em Portugal, não está criminalizada, o que não significa que seja legalizada”, apontou o chefe de Estado colombiano. De acordo com Gustavo Petro, em Portugal “há uma forte política de saúde pública, com resultados que apontam para uma redução da criminalidade e do consumo de drogas”.

“É um êxito relativo a partir de um caminho que não é o da criminalização, enquanto na América Latina só se conhecem fracassos. Fracassos que se traduzem num milhão de mortos, em dez milhões de presos nos Estados Unidos, numa destruição democrática, que é evidente por exemplo no Haiti, e no fortalecimento de organizações criminosas com exércitos privados, controlo territorial e populacional”, disse.

Gustavo Petro afirmou mesmo que essas organizações “têm fortes vínculos com o poder político em muitos dos Estados das Américas” e provocam “uma violência que é a mais alta do mundo”. “É altamente provável que haja mais mortes em resultado da clandestinidade associada ao narcotráfico nas Américas do que hoje, neste dia, na guerra da Ucrânia”, referiu.

Na sua intervenção, o chefe de Estado colombiano manifestou também interesse em aprofundar a cooperação com Portugal na área das energias renováveis, considerando que a Colômbia pode ser exportadora para o Panamá e, depois, para os Estados Unidos.

Costa quer colaborar com Colômbia

Já o primeiro-ministro, António Costa, considerou que se abrem novas oportunidades de colaboração entre Portugal e a Colômbia nas energias renováveis, na presença de empresas nacionais do sector agro-alimentar e sobre a política aplicada ao consumo de drogas.

Na sua breve intervenção perante os jornalistas, o primeiro-ministro referiu que, ao longo dos últimos anos, a Colômbia tem acolhido investimento de várias empresas portuguesas nas áreas da energias, construção e distribuição alimentar.

“Queremos continuar a incrementar o nosso relacionamento político e económico com a Colômbia. Vemos uma enorme oportunidade no desenvolvimento do esforço conjunto para apoiar a transição energética, não apenas com as energias renováveis, mas também no que respeita ao hidrogénio verde e outras moléculas verdes”, frisou. De acordo com o líder do executivo português, “estão abertas as oportunidades para incrementar as relações económicas bilaterais”.

“Seguimos com grande interesse o compromisso do Presidente Gustavo Petro com a paz total na Colômbia e com o desenvolvimento inclusivo de todo o território do país”, indicou. Nesse sentido, de acordo com António Costa, o Governo português registou “o convite dirigido para que outras empresas portuguesas possam investir nas áreas do turismo e do agro-alimentar, de forma a aumentar o rendimento das comunidades locais” colombianas. “A coesão social é condição essencial para a paz”, acentuou António Costa.

O primeiro-ministro disse ainda ter registado o interesse de “colaboração com a Colômbia no debate internacional que quer abrir sobre a questão da droga” e, por outro lado, no que concerne “ao melhor conhecimento da experiência portuguesa em matéria de política sobre o consumo”. “Tem de ser feito um debate internacional de forma a eliminar um negócio que é uma ameaça aos direitos humanos, uma ameaça à paz e ao desenvolvimento sustentável e inclusivo em todo o mundo”, acrescentou.

Gustavo Petro está em Portugal, este fim-de-semana, em visita de trabalho, a convite do chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocação que se insere “numa perspectiva comum de aprofundamento das excelentes relações entre os dois países”.

De acordo com a nota divulgada pela Presidência da República, hoje à noite o chefe de Estado português “oferecerá um jantar em honra do Presidente Gustavo Petro no Palácio da Cidadela em Cascais”.

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