Corrida pela sucessão de Costa “está no terreno” e “não é alheia ao que se passou nas Infra-estruturas”

“Não faz sentido” discutir a sucessão de Costa agora, mas Vieira da Silva reconhece que corrida “está no terreno há anos”. E liga as polémicas que envolveram Pedro Nuno aos problemas da governação.

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Ex-ministro socialista Vieira da Silva em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença MATILDE FIESCHI
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Em entrevista ao programa Hora da Verdade, do PÚBLICO e Rádio Renascença, José António Vieira da Silva considera extemporâneo falar de sucessão de António Costa nesta altura e diz ser "impensável" que o regresso de Pedro Nuno Santos como deputado possa contaminar a vida do PS e do Governo.

A TAP, as polémicas, a crise política, o fantasma de eleições antecipadas, a saída de Pedro Nuno Santos do Governo: o PS começa a reunir todos os ingredientes para abrir uma guerra pela sucessão na liderança do partido?
Vamos falar com toda a clareza e franqueza: essa questão da sucessão está no terreno há anos, assumida. E todos sabemos quem são os protagonistas. Mas estar agora a discutir quem vai suceder a António Costa, que já disse pretender governar até 2026, não faz sentido nenhum. E que só pode criar problemas, como aliás criou. Não acho que a emergência dessa questão seja alheia ao que se passou no Ministério das Infra-estruturas.

Considera que Pedro Nuno Santos e a sua actuação influenciou estes problemas?
Pedro Nuno Santos já apresentou a demissão, está a fazer um período sabático, quando regressar em Setembro será muito bem-vindo ao Parlamento. Agora o papel dele no Ministério das Infra-estruturas…

A guerra pela sucessão já começou.
Eu não lhe chamaria guerra. Corrida, sim.

Pedro Nuno Santos está mais fragilizado.
Isso parece-me que qualquer observador atento [concorda]… apesar de haver uma certa tentativa…

Até 2026, ainda dá para esquecer algumas coisas que fez.
Não são muitos os políticos que conseguem fazer mudanças.

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Vieira da Silva, antigo ministro de governos do PS MATILDE FIESCHI

Não está queimado para uma futura liderança do PS?
Quando digo que acho que é completamente extemporâneo estar a falar nisso… Agora vou dizer que está queimado? O que eu disse foi que a colocação desse plano, mesmo dentro do PS de uma forma extemporânea, não ajudou o PS nem ajudou à governabilidade do país. Não digo que seja a questão fundamental. Pessoalmente, faço essa leitura.

Para si é líquido que, depois de 2026, António Costa não quer voltar a ser líder?
Não faço mesmo ideia nenhuma. António Costa é uma pessoa especial, que tem uma capacidade política e uma sensibilidade política muito grandes. Ele fará as suas avaliações. Seria um facto um pouco original na nossa democracia.

A TAP fez cair Pedro Nuno Santos; já está a afectar o ministro das Finanças, Fernando Medina; e a apanhar Ana Catarina Mendes. Os eventuais ou potenciais sucessores de António Costa estão a ser queimados?
Eu percebo a questão, só que não vou contradizer o que disse há pouco porque não sou capaz, a esta distância, de avaliar, previsivelmente em 2026, qual será o futuro do PS.

O que é importante é que, mais do que pessoas, se discutam as opções estratégicas e o posicionamento político no quadro do partido que em Portugal representa a grande família socialista e social-democrata europeia. A história dos partidos mostra que às vezes o lançamento precipitado de candidaturas até pode parecer que vai resultar, mas não é normalmente uma [certeza].

O regresso de Pedro Nuno Santos em Setembro pode contaminar a vida do Governo e do PS?
Não creio que isso aconteça. Seria muito desagradável que acontecesse. Acho que o conheço relativamente bem, foi meu colega no Governo; seria uma coisa impensável que houvesse qualquer coisa. Regressa ao Parlamento, onde já esteve várias vezes; será decerto um excelente deputado. Tudo o mais são especulações que não me parecem justificadas.

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