Giuliano da Empoli venceu a primeira edição do Choix Goncourt du Portugal
O membro eleito da Academia Goncourt Tahar Ben Jelloun e Leïla Slimani, ambos vencedores do prémio Goncourt, são os padrinhos do lançamento em Portugal deste projecto que já existe em 35 países.
A obra vencedora do primeiro Choix Goncourt du Portugal é Le Mage du Kremlin, do escritor italo-suíço Giuliano da Empoli, foi anunciado nesta quarta-feira ao final da tarde na Embaixada de França, na sala da música do Palácio de Santos, em Lisboa, na presença do escritor franco-marroquino Tahar Ben Jelloun, membro eleito da Academia Goncourt desde 2008 e vencedor do prémio em 1987, e da escritora franco-marroquina Leïla Slimani, vencedora do Goncourt em 2016.
Portugal entrou pela primeira vez no Les Choix Goncourt internationaux, um projecto que já existe em 35 países e em que um júri, composto por estudantes francófonos de cada país, escolhe o seu livro favorito entre as obras que foram finalistas do prémio francês em 2022, com o acordo da Academia Goncourt.
Esta ideia de designar um Goncourt, fora do mais importante prémio literário francês, mas com as mesmas regras, nasceu no Instituto francês de Cracóvia, na Polónia, em 1998. Brasil, Espanha, Bélgica, Suíça, Bulgária, Finlândia, Coreia do Sul, Índia, Tunísia, Polónia, Reino Unido, Japão, Itália, Nigéria, Áustria são alguns dos países que já têm as suas próprias edições.
Em Portugal, em parceria com a Agência Universitária da Francofonia, com a Alliance Française de Coimbra e o Instituto Francês de Portugal, além de oito universidades portuguesas (Lisboa, Nova de Lisboa, Porto, Coimbra, Minho, Algarve, Aveiro e Madeira) foi nesta quarta-feira lançado o primeiro Choix Goncourt du Portugal na Embaixada de França, no Palácio de Santos em Lisboa.
Em colaboração com os seus professores, os estudantes que fizeram parte do júri leram os livros dos quatro finalistas da selecção Goncourt: Vivre Vite, da escritora francesa Brigitte Giraud (que foi o vencedor do Goncourt francês no ano passado e que chegou às livrarias portuguesas na segunda-feira pela editora Planeta com o título Viver Depressa); o vencedor Le Mage du Kremlin, do escritor Giuliano da Empoli (que recebeu o Grande Prémio do Romance da Academia Francesa 2022 e foi publicado em Novembro do ano passado em Portugal pela editora Gradiva com o título O Mago do Kremlin); e Les Presque Soeurs, da escritora francesa Cloé Korman e Une Somme Humaine, do poeta e romancista haitiano Makenzy Orcel (ambos sem tradução em Portugal).
O Mago do Kremlin é o primeiro romance de Giuliano da Empoli, que é também politólogo, ensaísta e conselheiro político, tendo sido conselheiro principal do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.
Da Empoli inspirou-se em Vladislav Surkov para fazer este romance que mistura ficção e não-ficção e se baseia em factos reais. No romance, o mago do Kremlin é Vadim Baranov, um realizador e produtor de reality shows que se torna a eminência parda de Putin e era conhecido como o 'czar'. "Da guerra na Tchetchénia à crise ucraniana, passando pelos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, O Mago do Kremlin é o grande romance da Rússia contemporânea", descreve a editora, "revelando os bastidores da política da era Putin, oferece ao mesmo tempo uma reflexão sublime sobre o poder."
Tahar Ben Jelloun, patrono do lançamento do Choix Goncourt du Portugal, e a antiga premiada Leïla Slimani conduziram as discussões e a sessão de deliberação com os oito estudantes que ali se reuniram a partir das 15h30 desta quarta-feira e até às 17h para decidirem a atribuição do prémio.
O anúncio do laureado ocorreu numa cerimónia em que o projecto foi apresentado com discursos da embaixadora francesa em Lisboa, Hélène Farnaud-Defromont; do padrinho da iniciativa, Tahar Bem Jelloun, com a apresentação dos quatro romances finalistas por quatro dos estudantes membros do júri, pela madrinha do Choix Goncourt du Portugal 2023 e por fim, um dos estudantes membro do júri anunciou a obra vencedora.