Empresário que esteve no centro do escândalo da Lava-Jato já saiu em liberdade
Marcelo Odebrecht viu sucessivamente ser-lhe reduzida a pena de 19 anos a que tinha sido condenado em 2016, que acabou em sete anos agora cumpridos. Nos últimos dois anos trabalhou num hospital.
Um dos homens mais ricos do Brasil e personagem central na Operação Lava-Jato, o empresário Marcelo Odebrecht passou os dois últimos anos da pena de prisão a que foi condenado a trabalhar no sector administrativo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Há três meses, terminou de cumprir os sete anos da pena a que foi sentenciado por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. E voltou a ser de novo um homem livre.
Odebrecht, apelido que dá o nome à maior empresa na área de engenharia e indústria da construção na América Latina e à quinta maior empresa brasileira (epicentro do maior escândalo de corrupção do Brasil), começou a trabalhar no hospital de São Paulo em Junho de 2021 e aí trabalhou até 26 de Janeiro deste ano.
Discreto, o executivo conseguiu passar despercebido para médicos e funcionários da instituição. Poucos sabiam da sua presença no edifício do complexo hospitalar.
O ex-presidente da empreiteira Odebrecht ia ao hospital duas vezes por semana. Fazia serviços administrativos e auxiliava em discussões de melhorias de processo e da execução de revisão de fluxo de trabalho.
Atendia também a pedidos administrativos gerais nas áreas subordinadas à superintendência e à chefia de gabinete.
O Hospital das Clínicas fez um convénio em 2018 com a Central de Penas e Medidas Alternativas da Justiça Federal de São Paulo (Cepema), que acompanha o cumprimento das penas restritivas de direitos no estado. Marcelo Odebrecht foi uma das 50 pessoas que passaram pelo hospital para prestar serviços à comunidade e cumprir pena alternativa.
O antigo presidente da Odebrecht foi condenado, em 2016, a 19 anos e 4 meses de prisão pelo então juiz Sergio Moro – hoje senador, depois de ter sido ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro.
Depois assinou um acordo de delação (em que o condenado negoceia uma redução de pena em troca de informação que ajude na investigação) e viu a pena passar para dez anos de prisão efectiva.
Em 2022, o Supremo Tribunal Federal reduziu-lhe a pena para sete anos, agora já cumpridos.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo