Dezenas de figuras mundiais pedem libertação de Navalny em carta aberta
Carta enviada a Vladimir Putin exige o fim da “tortura” a Alexei Navalny, preso político desde Janeiro de 2021. O estado de saúde de Navalny preocupa os apoiantes.
Dezenas de figuras públicas, entre as quais escritores e actores, assinaram uma carta aberta dirigida ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, na qual pedem a libertação e o fim da "tortura" de Alexei Navalny, opositor do regime e preso político desde Janeiro de 2021.
Os escritores, e vencedores do Prémio Nobel da Literatura, Svetlana Alexievich, JM Coetzee, Herta Müller, Orhan Pamuk, Olga Tokarczuk e Mario Vargas Llosa são alguns dos assinantes do apelo enviado ao Kremlin.
Alexei Navalny ganhou protagonismo quando, ainda advogado, satirizou a elite que rodeava Vladimir Putin e o acusou de corrupção. Depois de acusado de diversos delitos, entre os quais fraude, o opositor do regime russo foi condenado a 11 anos e meio de colónia penal. De acordo com Navalny, a acusação de fraude tratou-se de uma jogada do Kremlin para o impedir de desafiar o poder do Presidente.
Por sua vez, as autoridades russas negaram o argumento e acusaram o preso político e os seus apoiantes de trabalharem com os serviços de inteligência norte-americanos, como a CIA, de forma a destabilizar a Rússia. Por isso, Navalny está proibido de se movimentar e, em resultado de novas acusações, pode ver a sentença prolongada por mais alguns anos.
Nas últimas semanas tem aumentado a preocupação quanto ao estado de saúde de Alexei Navalny, devido a relatos de severas dores de estômago e perda de peso. Por isso, os apoiantes temem que morra na cadeia.
"Ele [Navalny] tem sido constantemente devolvido ao confinamento solitário, (e) limitado a uma cela do tamanho de uma casota para cães", afirmaram os signatários da carta aberta, que também inclui o dançarino Mikhail Baryshnikov, os actores Jude Law e Benedict Cumberbatch e os escritores Margaret Atwood, JK Rowling e Salman Rushdie.
"As visitas de familiares e as chamadas telefónicas estão proibidas, os seus direitos de conferenciar com o advogado foram cancelados. Ainda que esteja com febre, é obrigado a ficar de pé todo o dia."
De acordo com os signatários da carta enviada para Moscovo, também os médicos russos solicitaram a assistência imediata a Navalny. Em simultâneo, acrescentam, vários advogados e deputados regionais russos exigiram o fim da "tortura" do preso político.
O Kremlin rejeitou comentar o tratamento ou estado de saúde de Alexei Navalny, referindo que o assunto é da responsabilidade do serviço prisional, que no passado garantiu prestar todo o cuidado médico necessário.
Navalny tornou-se a principal figura da oposição a Vladimir Putin quando, em Janeiro de 2021, decidiu regressar à Rússia, depois de receber tratamento na Alemanha a uma alegada tentativa de envenenamento com um agente nervoso durante um voo na Sibéria, conforme indicaram os testes de laboratório realizados.
O Kremlin negou ter tentado matar Alexei Navalny, referindo que não existem evidências quanto ao referido agente nervoso.