Preços continuam a subir, mas inflação dá sinais de abrandamento em Abril

Preços subiram mais 0,6% entre Março e Abril. Nos bens energéticos e alimentares já houve, no entanto, recuos, num mês em que a inflação homóloga, por causa dos efeitos-base, caiu de 7,4% para 5,7%.

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Preços dos alimentos registaram ligeiro recuo durante o mês de Abril, revela o INE Marisa Cardoso
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Os preços suportados pelos portugueses continuaram, em média, a agravar-se durante o mês de Abril, com uma subida de 0,6%. Ainda assim, há sinais de abrandamento das pressões inflacionistas, principalmente na energia e nos alimentos, com a variação homóloga a recuar para o valor mais baixo desde Março do ano passado.

Tal como já era largamente esperado, a taxa de inflação homóloga durante o mês de Abril registou um recuo significativo em Portugal. Este indicador, que compara o nível dos preços dos bens e serviços no presente mês com o do mesmo mês do ano anterior, passou de 7,4% em Março para 5,7% em Abril, de acordo com a primeira estimativa para a inflação publicada esta sexta-feira.

A razão principal para este recuo, contudo, está não tanto na forma como estão a evoluir os preços agora, mas no facto de, em Abril do ano passado, se ter registado, principalmente nos bens energéticos, uma forte subida de preços. É o chamado efeito-base, que faz com que, no cálculo da taxa de inflação homóloga, a comparação se faça agora com níveis de preços já mais elevados, o que conduz a um recuo na taxa de variação.

Como assinala o INE na nota publicada esta sexta-feira, “esta desaceleração [da taxa de inflação homóloga] é, em parte, explicada pelo efeito de base resultante do aumento de preços da electricidade, do gás e dos produtos alimentares verificado em Abril de 2022”.

Na verdade, os preços continuaram, neste mês de Abril, a subir em média, como revela o facto de a taxa de inflação mensal (que compara os preços de Abril com os preços de Março) ter sido de 0,6%. Há, no entanto, na forma como evoluíram os preços neste mês de Abril, alguns sinais de que as pressões inflacionistas se acalmaram ligeiramente.

Em primeiro lugar, em Abril, os preços cresceram menos do que tinham crescido em Março. A inflação mensal de 0,6% representa um abrandamento face à variação de 1,7% que se tinha registado em Março.

Depois, nos bens onde as pressões inflacionistas têm sido mais notórias, assistiu-se mesmo a uma redução ligeira dos preços. Os preços dos bens dos produtos energéticos, que já vinham numa trajectória descendente nos meses anteriores, diminuíram mais 3,1% em Abril, sendo a variação face ao mesmo mês do ano passado foi de -12,7%.

Nos bens alimentares não-transformados interrompeu-se finalmente a sequência de mais de um ano e meio de subidas mensais de preços, com uma variação entre Março e Abril de -0,3%. É de notar que, como assinala o INE, esta descida ainda não está relacionada com a descida do IVA implementada num conjunto de bens alimentares essenciais. “A grande maioria dos preços considerados no apuramento do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Abril foi recolhida antes da entrada em vigor da isenção de IVA num conjunto de bens alimentares essenciais, pelo que os eventuais efeitos desta medida só terão efectivamente impacto no IPC em Maio”, explica a autoridade estatística.

Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, os preços dos alimentos não-transformados continuam, contudo, a ser 14,1% mais caros.

No total dos produtos excluindo os bens alimentares e os bens energéticos, a variação mensal dos preços foi positiva, de 1,1%, colocando a variação face ao mesmo mês do ano passado (a taxa de inflação homóloga subjacente), nos 6,6%, menos 0,4 pontos percentuais do que os 7% de Março.

O INE não publica ainda, nesta primeira estimativa para a inflação de Abril, os dados da evolução de preços mais desagregado por produtos.

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