Lídia Jorge vence Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva
Galardão é iniciativa conjunta da Associação Portuguesa de Escritores e da Câmara Municipal de Braga. O prémio não tem candidaturas, sendo o vencedor eleito pelo júri.
O Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, no valor de 20 mil euros, foi atribuído à escritora Lídia Jorge, "personalidade de invulgares méritos e reconhecimento na actividade cultural", anunciou esta sexta-feira a Associação Portuguesa de Escritores (APE).
Nesta que é a segunda edição da iniciativa conjunta da APE com a Câmara Municipal de Braga, relativa ao biénio 2022/2023, Lídia Jorge foi distinguida por unanimidade do júri, constituído pela direcção, que destacou também a projecção da escritora "aquém e além fronteiras".
Para este prémio, foi ainda considerado "o percurso notável da escritora, romancista, poeta, autora de obras marcantes nos domínios do conto e da crónica, com numerosas e aplaudidas traduções em diversas línguas".
No início de Julho de 2021, a APE lançou, em Braga, a primeira edição do Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva, a ser atribuído de dois em dois anos. O primeiro vencedor foi o ensaísta e tradutor João Barrento.
Na altura, o presidente da APE, José Manuel Mendes, explicou que o objectivo da iniciativa era "recolocar" o Prémio Vida Literária "num lugar mais forte e marcante", atribuindo-lhe o nome de Vítor Aguiar e Silva, vencedor da edição 2020 do Prémio Camões (viria a morrer no final do ano seguinte).
"O prémio vai distinguir poetas, ficcionistas e ensaístas de topo, de consagração plena, no quadro da cultura portuguesa", referiu o presidente da APE, então.
O prémio não tem candidaturas, sendo o vencedor eleito pelo júri.
Anteriormente, quando se designava apenas Vida Literária, o prémio foi atribuído a autores como Miguel Torga, José Saramago, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Óscar Lopes, José Cardoso Pires, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Cesariny, Vítor Aguiar e Silva, Maria Helena da Rocha Pereira, João Rui de Sousa, Maria Velho da Costa e Manuel Alegre.
Nascida em 1946, no Algarve, Lídia Jorge estreou-se com a publicação de O Dia dos Prodígios, em 1980, um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-revolução.
Em 1988, A Costa dos Murmúrios abriu-lhe as portas para o reconhecimento internacional, tendo sido posteriormente adaptado ao cinema por Margarida Cardoso.
O Vento Assobiando nas Gruas (2002) aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. A obra venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE em 2003.
Entre muitas outras, Lídia Jorge escreveu ainda obras como O Vale da Paixão, Combateremos a Sombra, Os Memoráveis ou O Livro das Tréguas, a sua estreia na poesia.
À autora foram atribuídos alguns dos principais prémios nacionais, alguns deles pelo conjunto da obra, como o Prémio da Latinidade, o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores ou o Prémio Vergílio Ferreira.
No estrangeiro, venceu a primeira edição do prémio Albatross da Fundação Günter Grass, o Grande Prémio Luso-Espanhol de Cultura e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas de Guadalajara, entre outros.