Jack Teixeira tinha “pequeno arsenal” em casa e estaria a planear assassínio em massa

Documento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos faz referência a ofensas e ameaças racistas nas redes sociais por parte do norte-americano.

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Foto divulgada pelo Departamento de Justiça Reuters/Department of Justice
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As autoridades dizem que encontraram "um pequeno arsenal" na residência de Teixeira Reuters/Department of Justice
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Foto divulgada pelo Departamento de Justiça Reuters/Department of Justice
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Foto divulgada pelo Departamento de Justiça Reuters/Department of Justice

O norte-americano Jack Teixeira, o lusodescendente suspeito de ter divulgado milhares de documentos secretos do Pentágono nos últimos meses, deve ser mantido em detenção por tempo indefinido devido ao risco de fuga e de destruição de provas, diz o Departamento de Justiça dos Estados Unidos num documento de acusação conhecido na noite de quarta-feira.

No mesmo documento, Teixeira, de 21 anos, é retratado como um jovem com um passado de ofensas e ameaças racistas, e mais perigoso do que se acreditava até ao momento da sua detenção pelo FBI, há duas semanas, no estado do Massachusetts.

Segundo o Departamento de Justiça, Teixeira não teve como única intenção impressionar outros membros de um canal na plataforma Discord ao divulgar segredos do Pentágono, e os investigadores suspeitam de que o jovem estaria a planear cometer um assassínio em massa.

Durante as buscas na residência de Teixeira, onde o jovem vivia com a mãe e o padrasto, o FBI diz ter encontrado "um pequeno arsenal" que incluía pistolas, shotguns e uma arma "de grande capacidade de fogo e semelhante a uma AK-47", segundo o jornal The New York Times.

O mesmo jornal, que cita o documento de acusação do Departamento de Justiça dos EUA, diz que Teixeira publicou várias mensagens nas redes sociais, em 2022 e 2023, a manifestar o seu desejo de matar "uma série de pessoas" e de eliminar "mentes fracas".

Segundo os investigadores, as mensagens de Teixeira faziam referência ao uso de uma "carrinha assassina" para matar pessoas "num ambiente urbano ou suburbano".

Obstrução à justiça

No pedido ao tribunal para que o jovem não seja posto em liberdade até à constituição de um grande júri e à dedução de uma acusação formal, o Departamento de Justiça diz que Teixeira tentou obstruir o trabalho dos investigadores de várias formas quando percebeu que ia ser detido.

Além de ter pedido aos outros membros do seu canal na plataforma Discord para destruírem "todas as mensagens", Teixeira terá destruído vários equipamentos pessoais, incluindo um telemóvel, um tablet e uma consola Xbox.

"Estas acções parecem ter sido calculadas para atrasar ou para impedir o Governo de perceber a gravidade da sua conduta", diz o documento citado pelo The New York Times.

"Quaisquer promessas por parte do suspeito de que irá permanecer na sua residência e de que não irá agravar os danos que já provocou não valem mais do que as suas promessas de manter em segredo informação secreta sobre a defesa nacional."

Invasão da Ucrânia

Ao mesmo tempo, as autoridades norte-americanas confirmaram que o jovem começou a divulgar informação confidencial do Pentágono muito antes do que se acreditava quando os media norte-americanos publicaram as primeiras notícias sobre o assunto.

Tal como o The New York Times avançou na sexta-feira da semana passada, Teixeira terá começado a partilhar documentos secretos nas horas que se seguiram à invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de Fevereiro de 2022. As primeiras partilhas — e ainda segundo o jornal norte-americano — foram feitas num grupo de conversação com 600 utilizadores.

Teixeira, um membro da Guarda Aérea Nacional do estado norte-americano do Massachusetts — uma força de reserva ao serviço do próprio estado —, prestava serviço como técnico de informática e tinha acesso às passwords usadas para entrar na rede de computadores.

Em paralelo à investigação sobre a partilha de documentos secretos, o Pentágono lançou uma investigação para tentar perceber como é que Teixeira — um jovem sem funções que requeriam acesso a informação secreta, e com um passado de ameaças e ofensas racistas nas redes sociais — foi capaz de retirar e imprimir milhares de documentos confidenciais.

Entre os segredos revelados destacam-se exemplos de espionagem dos EUA a alguns dos seus aliados, como a Coreia do Sul, e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e pormenores sobre a evolução da guerra na Ucrânia.

Os documentos mostram, por exemplo, que a Coreia do Sul se sente pressionada pelos EUA a enviar munições de artilharia para o Exército ucraniano, numa decisão que seria contrárias às leis do país; que o grupo de mercenários russos Wagner tentou comprar armas à Turquia, um membro da NATO; e que o Presidente do Egipto, Abdel Fattah el-Sisi, ordenou a produção de dezenas de milhares de rockets para abastecer o Exército russo contra os princípios do relacionamento do país com os EUA, de quem recebe mil milhões de dólares por ano para o sector da segurança.

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