Funcionários do Governo norte-americano retirados do Sudão por forças especiais
Combates entre grupos rivais prossegue nas ruas da capital. “Esta violência trágica no Sudão já custou as vidas de centenas de civis inocentes”, lamentou Joe Biden.
Os funcionários do Governo dos Estados Unidos foram retirados de Cartum, capital do Sudão, por militares norte-americanos. A retirada foi confirmada este sábado pelo Presidente Joe Biden, com o líder a acrescentar que Washington vai suspender as operações na embaixada, numa altura em que prosseguem os combates entre grupos rivais no Sudão.
"Esta violência trágica no Sudão já custou as vidas de centenas de civis inocentes", declarou Biden. "É inconcebível e tem de parar."
O secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken adianta em comunicado que "todo o pessoal norte-americano e os seus dependentes" foram retirados em segurança e que os Estados Unidos vão continuar a ajudar os norte-americanos ainda no Sudão.
A operação incluiu, a par dos funcionários governamentais norte-americanos, um pequeno número de elementos diplomáticos de outros países. No total, os responsáveis dizem que foram transportadas menos de 100 pessoas.
Pouco mais de uma centena de elementos das forças especiais norte-americanas foram destacados para a retirada, conseguindo entrar e sair do Sudão sem atrair fogo das facções em luta no terreno.
Alguns cidadãos de outros países começaram a também a ser retirados do país a partir do porto do Mar Vermelho no sábado. A emissora japonesa TBS News noticiou que os funcionários das Nações Unidas, incluindo cidadãos japoneses e as suas famílias, vão ser retirados do Sudão a partir deste domingo.
O massacre sangrento resultado dos combates urbanos impossibilita a fuga a um número grande de pessoas na capital sudanesa, com o aeroporto inoperacional e as estradas intransponíveis.
As Nações Unidas e vários países têm pedido aos líderes militares rivais que cumpram um cessar-fogo que tem sido maioritariamente ignorado. Existe ainda um pedido para a abertura de um corredor seguro que permita a fuga dos civis e o transporte de ajuda humanitária.
O início repentino da guerra no Sudão destruiu os planos para restaurar o Governo civil e empurrou um país já empobrecido para a iminência de um desastre humanitário. Existe ainda a ameaça de um conflito de maior escala que pode atrair poderes estrangeiros, quatro anos depois do regime autocrata de Omar al-Bashir ter sido derrubado durante uma revolta popular.
Com o aeroporto fechado, milhares de estrangeiros – incluindo funcionários de embaixadas, trabalhadores humanitários e estudantes em Cartum e outros pontos do terceiro maior país da África – não têm conseguido sair do país.
França e Turquia retiram cidadãos
A França anunciou ter iniciado a operação de "retirada rápida" dos seus cidadãos e pessoal diplomático do Sudão e a embaixada da Turquia naquele país africano também sinalizou que a retirada dos seus cidadãos terá início este domingo.
O anúncio da "operação de retirada rápida" de cidadãos franceses e pessoal diplomático foi feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, acrescentando que cidadãos europeus e nacionais de "países parceiros aliados" também são apoiados.
Por seu lado, a embaixada da Turquia no Sudão disse que o processo de retirada dos seus cidadãos também arranca este domingo, tendo em conta a situação caótica que se vive actualmente na capital, Cartum, e ao retomar dos confrontos.
"Na sequência das avaliações de segurança realizadas à luz dos conflitos em curso no Sudão, foi decidido retirar os nossos cidadãos, especialmente aqueles que se encontram nas zonas de conflito", refere um comunicado da embaixada, especificando que as pessoas em causa serão levadas para um país terceiro, antes de chegarem à Turquia.